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Estratégia ou vacilo?

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Confesso que ontem, durante a sessão da Câmara, fiquei de olho arregalado com a movimentação em torno do vereador Joãozinho Silveira. A denúncia por quebra de decoro parlamentar foi aceita por unanimidade — e com votação nominal, ou seja, cada vereador teve que dizer seu voto em voz alta. Um a um.

Antes disso, votaram o pedido de licença de 30 dias feito pelo próprio Joãozinho. Aparentemente, ninguém se deu conta ali no calor da sessão (ou fingiram não notar?) que, se votassem contra a licença, ele somaria a terceira falta. E já na segunda-feira, viria a quarta — o que resultaria em perda automática do mandato. Um atalho para encerrar a novela, sem necessidade de Comissão Processante, depoimentos e o carrossel de desgaste.

Mas… depois fui atrás. Conversei com gente de dentro da Câmara e a resposta foi certeira: sim, eles sabiam. E mesmo assim preferiram conceder a licença. Ou seja: foi uma escolha para que o rito ocorra normalmente e não haja imbróglios.

Votação nominal: por quê, hein?

Não entendi bem esse capricho da votação nominal. Tudo bem que deixa claro quem votou o quê — talvez até seja esse o motivo. Mas, sinceramente, se o resultado foi unânime, dava pra só ter dito: “Foi aprovado por todos”. Simples, limpo e sem suspense.

Talvez o desgaste causado pelo processo da cassação do Alberi Dias ainda assombre os corredores. Naquela época, sete votaram pela cassação, quatro contra, e como não atingiu o número necessário, ele se escapou. Lembro que a nossa manchete foi “Alberi Dias é mantido no cargo”. O vereador Roberto Grulke relembrou que manchetes diziam “Câmara absolve Alberi Dias”, o que resultou em um enxame de comentários dizendo que a Casa tinha um lado.

Processo do Joãozinho: mastigadinho

Agora, segundo fontes da própria Câmara, a situação contra Joãozinho é bem diferente do de Alberi. Bem mais claro, sem margem pra “interpretação criativa”. O motivo? Simples: o cara foi preso dentro da Câmara. Isso no caso da avaliação da quebra de decoro.

A Comissão Processante já está formada:

  • Lucas Dias (PSDB) – presidente
  • Rodrigo Rodrigues (PDT) – relator
  • Nenê Abreu (MDB) – membro

Ah, Nenê inclusive foi bem direto: ele conhece muita gente que xinga o Joãozinho nas redes, mas que é muito pior do que ele. Soltou essa na lata. Talvez tentando mostrar que estão sendo coerentes, não hipócritas.

Tanto ele quanto o Cabo Antônio, do mesmo partido, já deixaram escapar que sim, estão convencidos da cassação — se for provada a quebra de decoro. Só não querem virar vidraça no processo. Querem que fique claro que não são iguais ao colega.

Sobre o suposto crime, que vai ser julgado pelo Judiciário, há alguns pontos que, segundo a minha fonte, é muito forte. Um deles é o vídeo compartilhado pela Polícia Civil que mostra os materiais em uma propriedade que seria de João. É simbólico e, convenhamos, difícil de contornar.

A democracia, o suplente e o choro

Um dos pontos que mais gerou burburinho na comunidade é a chegada do suplente Alberi Dias. Tem gente torcendo o nariz. Mas o presidente da Câmara, Felipe Caputo, deu o papo. Não adianta reclamar, 488 pessoas votaram nele. É um cargo eletivo. Isso é democracia.

Goste-se ou não do Dias, a vaga é dele. E o Caputo ainda mandou aquela indireta pra plateia: parem de só aparecer na Câmara quando tem treta. Acompanhem os trabalhos no dia a dia. Assim, quem sabe, escolhem melhor na próxima eleição. Obviamente, ele usou um tom e palavras mais leves.

Cassação à vista

Pra encerrar: minha aposta é que Joãozinho será cassado sim, e por unanimidade. O clima é de “vamos resolver isso logo”. A denúncia não trata do crime em si, mas da quebra de decoro, o que já é pesado o suficiente. Repito, pois há muitos que não entenderam.

E detalhe: ele não perde os direitos políticos caso for cassado. Só perderia se tivesse uma condenação criminal definitiva, fosse considerado civilmente incapaz, recusasse cumprimento de obrigação legal ou fosse condenado por improbidade. Por enquanto, o foco está só no mandato.

A Comissão tem até 90 dias pra concluir tudo. Se passar desse prazo, o processo é arquivado. Mas, pelo andar da carruagem, duvido que deixem isso escorrer pelos dedos.

Agora é acompanhar os próximos capítulos.

Indígenas, tendas e empresários

De brinde, a audiência do programa “Chimarrão e Atualidades” de manhã deu uma ideia pro comércio local, meio na ironia: se incomodam com as tendas dos indígenas perto da catedral? Vai lá e monta tua loja primeiro. Afinal, parece que pode tudo ali.

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