Coluna publicada no dia 05/06.
Márcio Sauer Dias. O nome dele foi pauta na Câmara, puxado pelo vereador Roberto Danany (MDB), que fez questão de lembrar que antes de ser diretor da Fiscalização, Márcio era presença frequente na tribuna popular cobrando que o governo do MDB fizesse algo sobre o comércio indígena irregular. Agora, com a caneta na mão, Danany quer ver ação. A cobrança foi direta. Foi o tipo de cobrança política que diz: se antes tu falava, agora tu faz. E Márcio, pelo visto, está fazendo — sem estardalhaço e sem precisar responder, como ele mesmo apontou.
Mesmo pensamento
Em Canela, não se trata só de tirar os indígenas do entorno da Igreja Matriz, se trata de decidir que cidade a gente quer ter. E o Márcio continua com a mesma opinião de quando ocupava a Tribuna: a Prefeitura tem o dever de organizar a sociedade ali, na frente da igreja, onde hoje o que reina é o improviso, a irregularidade e uma baita zona que não combina com o postal que o turista leva pra casa. Não é preconceito, não é guerra com os povos originários, é lei. Eu acho que as coisas estão se encaminhando para a resolução. Quietinhos, a equipe da fiscalização está trabalhando.
A herança do acordo
Lá em 2024, no meio da politicagem, o governo anterior assinou um acordo com os indígenas canelenses dizendo que fariam 16 casinhas no entorno da Igreja Matriz. Prometeram céu e terra. E o que saiu do papel? Nadica. Agora, quando a fiscalização aperta, os indígenas que são de fora da cidade dizem que tem acordo. Pior: o tal do acordo seria inconstitucional, não tem base jurídica nenhuma e foi assinado com o cacique Maurício Salvador, dos Caingangues de Canela, ou seja, são válidos somente para os de cá, que todos sabem não são os que arrumam problemas.
Porém, a questão é que a história lá atrás era que os outros caciques não “respeitavam” Maurício e as ações dele não valiam para todos, já que cada umas dessas comunidades possuem um cacique, mas agora na hora de se defenderem, passou a valer.
Não tem acordo e não vai ter
A proposta que a Prefeitura entregou no dia 22 de abril foi recebida com riso. “Estamos no mês do índio, vamos visitar os parentes, não podemos resolver agora” — foi a resposta. E enquanto a festa rola, o entorno da Igreja Matriz continua tomado. Mas o aviso foi dado: a Prefeitura vai ser firme e cumprir a lei. Márcio não quis me dizer se haverão ações, mas eu aposto que vai ter e vai ser antes da Temporada de Inverno.
Efeito dominó no centro
As barracas irregulares no entorno da igreja puxam uma série de outras ocupações desordenadas pelo centro de Canela. Tem gente que olha e pensa: se eles podem, por que eu não? E é assim que surgem os panfleteiros, os vendedores de cota os fotógrafos que se acham donos de espaço público. Por isso o discurso deve ser de ordem total: padronizar, disciplinar, criar critério. Não adianta mexer num ponto e deixar o resto frouxo. É varrer a calçada inteira, não só o tapete da frente. Tudo se caminha para isso
O impacto na vitrine da cidade
A questão ali não é o volume de vendas dos indígenas, é a imagem. O turista chega, se hospeda no hotel mais caro da cidade, e toma café olhando pra uma lona rasgada. O empresário reclama, os vizinhos bufam. Canela e Gramado têm ares de Europa e essa barraca com colarzinho de semente vira símbolo de desordem. Tem quem ache que é frescura. Mas pergunta pro empresário se ele toparia um camelódromo na frente do seu empreendimento.
Regularizar ou sair: escolha tua
A posição do Executivo é clara: os indígenas são bem-vindos — desde que trabalhem dentro da lei. Alugue uma loja, tire um alvará, pague seus impostos. Só assim serão bem-vindos como qualquer outro cidadão. Fora disso, não dá. E aí o papo muda: a cidade vai reagir. Já teve máquina fotográfica recolhida, alvará cassado, empresa vendedora de cotas abandonando as abordagens e até gente que desistiu e foi arrumar emprego CLT, não tá mais rendendo ir contra a Lei em Canela.
Formiguinha na lida
Não é guerra relâmpago, é desgaste diário. A fiscalização tem mapeamento de câmeras, ação coordenada, e acompanhamento constante. Quem some de Canela, aparece em Gramado. E quando Gramado aperta, voltam pra cá. É um vaivém que cansa, mas aos poucos que se mostra quem manda.
O coração da cidade
Tem barraca, tem foto, tem panfleto. Mas o que mais tem é disputa por espaço e por imagem. Agora, o entorno da igreja tá mais limpo. As ações surtiram efeito, ainda que incomodem alguns. A igreja não pode ser vitrine de caos. O entorno da Igreja Matriz é sagrado — tanto pros índios quanto pra cidade. E a cidade precisa decidir: ou organiza, ou se entrega. Mesmo com a diminuição, ainda há casos. Durante a conversa, as câmeras de monitoramento flagravam um bonitão abordando um casal e oferecendo fazer fotos. Acho que vocês estão lendo isso, ele já deve ter sido autuado.
Nova Lei de Publicidade
Novamente, não se trata de ser contra indígena, o fotógrafo ou o vendedor de cotas. Se trata de não aceitar que a cidade seja largada. “Tô aqui pra organizar, nem que leve pedrada”, disse Márcio. E vai levar, claro. Porque não faltou quem tentasse lhe atravessar. E ainda assim, ele segue. Porque Canela quer ordem. Quer limpeza. Quer identidade. Tô sabendo, inclusive, que teremos uma nova Lei de Publicidade sendo confeccionada, já que essa está defasada. Junto com isso, deve haver uma grande reordenação do centro da cidade com novidades quentes, mas que eu ainda não posso divulgar, mas adianto que serão de extrema importância para que Canela seja o que esperamos. Boa sorte para a Prefeitura!
Que venha o inverno
Se a estratégia funcionar, até julho o entorno da Igreja Matriz tá limpo. Vai ter confusão, vai ter grito, alguns irão voltar. Mas vai ter resultado. Porque a cidade cansou de ver o tempo passar sem mudança. Cansou de ver promessas que viram piada. Agora, a bucha tá na mão de quem não se nega a agir. E o recado foi dado: quem quiser ficar, que se regularize. Quem não quiser, que arrume as tralhas. Porque o inverno tá chegando. E a Canela da vitrine não pode mais tolerar a Canela da bagunça.