Coluna publicada no dia 30/06.
Na semana passada eu já tinha falado. Mostrei. Denunciei. Fiz a minha parte. Trouxe aqui uma foto do buraco da rua Augusto Pestana, que eu defendo ser tombado como patrimônio histórico de Canela, porque tá ali faz tanto tempo que já criou raiz, já virou parte da paisagem. Se alguém tropeçar, é capaz de cair direto em 1998.
Mas nesta segunda-feira consegui coisa ainda pior. Eu não queria conseguir, juro. Mas consegui. Na rua Martinho Lutero, pertinho da esquina com a Paul Harrys, tá uma situação de largar o carro e seguir a pé com dignidade. É um trecho digno de turismo radical. Quase uma trilha de rally.
São entre 15 a 20 buracos — e eu não tô exagerando. Buraco pequeno, buraco médio, buraco tamanho família. Um deles parece uma cratera lunar, se tu cair nele sem seguro, o prejuízo é certo. Se escapar com a suspensão inteira, já pode agradecer de joelhos.
E o pior: a galera viu. Tem vídeo nas páginas do Jornal no Facebook e no Instagram mostrando tudo, e o vídeo já passou das 35 mil visualizações, com centenas de curtidas e comentários. A indignação do povo é gigante, e não é à toa.
A VOZ DO POVO É O GRITO DO PNEU ESTOURADO
Entre tantos comentários que pipocaram, um me chamou muito a atenção. Foi da Vitória Fauth, que escancarou uma situação ainda mais absurda, em outro ponto da cidade. Olha só:
“Eu e mais 9 carros (seguidos, um atrás do outro) furamos o pneu bem ao lado do posto de gasolina em Canela, ali pra quem entra na rua Danton Corrêa da Silva, antes de chegar no delivery do The Petit, bem na frente do prédio novo, onde estão construindo… Ridículo, sem nenhuma sinalização! A maioria turistas… vergonha.”
Tá aí. Dez carros furando pneu um atrás do outro, igual fila de domingueira na 235. E o detalhe mais cabuloso: sem nenhuma sinalização. Nenhuma fita, nenhum cone, nenhum aviso. O pessoal que veio turistar já leva uma lembrança: o estepe gasto e a paciência rasgada.
Fui procurar o tal vídeo que ela mencionou e achei. O troço é real. Um absurdo. E eu reforço: semana passada eu já tinha dado o recado, falei que há coisas bem mais importantes do que letreiro. Agora, talvez, deem atenção.
E A SAÚDE, COMO VAI?
Mudando de buraco pra outro, dessa vez político. E esse a gente também caiu de cabeça.
Na sexta, abri uma edição extraordinária da coluna pra contar que a exoneração de Almir Bastos Júnior, diretor do Transporte da Saúde, alvo de muitas críticas, era dada como certa. E a notícia sacudiu os bastidores.
Nos comentários da publicação, apareceu nada mais, nada menos que o secretário de Saúde, Jean Spall, largando a seguinte bomba filosófica:
“Trabalho sério incomoda alguns, que fazem muito barulho. Já dizia meu avô: um Pinheiro caído faz muito barulho, já 1000 que nascem ninguém ouve.”
Toma. Essa frase aí cabe análise de mesa de bar até a pós-graduação em interpretação política. Ele não disse nome, não apontou dedo, mas deixou no ar uma porção de coisas. E uma delas é clara: a decisão de tirar Júnior do comando do transporte não partiu dele.
DIVIDIDO ENTRE A BADERNA E A ORGANIZAÇÃO
O clima tá dividido. Tem gente metendo o pau no trabalho do Almir faz tempo. Mas agora, depois da notícia da possível saída, apareceu uma penca de gente defendendo o cara com unhas, dentes e prontuários. Selecionei aqui dois comentários que merecem ser lidos com calma:
Edson Santos Silva
“Fui muito bem atendido por ele, e desde já quero agradecer a ele, porque se não fosse por ele, o exame que eu fiz hoje em Caxias, eu só iria conseguir fazer o ano que vem. Com certeza isso é alguma perseguição, pra amanhã ou depois estar lá algum amiguinho dos vereadores que estão na Câmara.”
Júlio Trein
“Saúde do município colapsando, o cara resolve fazer o certo, organizar o efetivo pra que tudo funcione dentro dos orçamentos, de maneira correta e sadia, corta certas regalias que alguns (muita gente) recebiam devido à ‘politicagem’ e ainda sai como errado!
Pessoal anda pior que criança bardosa, não podem escutar um não que já crucificam a pessoa!
O cara tá lá pra organizar e fazer com que o transporte do município funcione, sempre vai e deve existir um ‘carrasco’ que vai analisar a situação e dar o veredito final, pra que não vire e não volte a ser bagunça e, por óbvio, que vai ser a chefia.
Ele é o cara do não! Querem carinho, querem conversar, querem atenção, eu acho melhor procurar a assistência social, CAPS ou um psicólogo particular, já que muitos adoravam pegar o transporte e ir passear na capital…”
DINHEIRO NA RODA
E no meio de tanta coisa dando errado, uma boa notícia pra variar: foi confirmado o repasse de R$ 750 mil pro transporte universitário e técnico no segundo semestre. O valor nem tava previsto no orçamento do ano passado, mas foi garantido agora, depois de muito diálogo e pressão da Comissão do Transporte — que inclui a vereadora Grazi Hoffmann, pais, estudantes e pessoal da Secretaria de Educação.
A grana vem em boa hora pra garantir que a galera siga estudando fora da cidade sem ficar a pé. E mais: a Comissão também tá trabalhando pra melhorar as regras do serviço, deixar tudo mais claro, justo e acessível. Ponto positivo no meio da buraqueira.