Coluna publicada no dia 09/06.
Bah, é difícil de entender mesmo. A gente se agarra na esperança, mas quando mexe no bolso… complica. Nesta segunda (9), chegou até o Jornal Integração uma denúncia séria vinda lá da Escola Adriana Spall Wingert, em Canela. Um servidor — que pediu pra não ser identificado, e a gente entende o porquê — contou que a turma da escola tá com salário atrasado. Sim, tu leu certo: sem salário. E, pior, cogitando parar as atividades se a situação não fosse resolvida logo.
Pra entender o enrosco: a escola é administrada pela tal da ADPECS, uma associação que tem um termo de colaboração com o Município para prestação de serviços. E o que aconteceu? As contas da ADPECS foram bloqueadas por decisão judicial — processo lá na Comarca de Itaqui, no interior do Estado.
A Prefeitura foi notificada dia 6 de junho e disse, oficialmente, que tá correndo atrás do prejuízo, tentando resolver o pepino com a assessoria jurídica da entidade. Estão até estudando uma medida judicial pra pagar os funcionários. O importante é garantir o pagamento dos trabalhadores e não deixar os pequenos sem aula.
E aí tu pensa: como que a conta trava assim e ninguém sabe de nada antes? Como que se chega nesse ponto? Não é só o salário que atrasa, é a dignidade de quem trabalha, a tranquilidade de quem já vive com o dinheiro contado. Enquanto isso, os professores, auxiliares, cozinheiras, faxineiras e toda a gente que faz a escola funcionar ficam no limbo, esperando. É importante dizer que: a menos culpada neste caso é a Prefeitura.
As aulas seguem normais. Então, por enquanto, quem sofre mesmo são os bastidores, aqueles que, sem fazer barulho, mantêm a roda girando. Que se resolva…
O Teatrão tá vivo
Agora vamos pra um assunto que aquece o coração. Porque se tem coisa boa acontecendo em Canela, a gente tem que dar palco. E nada mais justo do que falar do Teatrão. Sim, aquele espaço que tava jogado às traças, esquecido, com cara de abandono e cheiro de poeira. Pois agora tá ganhando vida de novo. E olha… que baita notícia!
Neste sábado teve um baita evento ali, do Rotary Internacional. Cinquenta e oito cidades participaram — e tudo privado. O lugar, que por anos parecia só um grande “bah, aquilo lá já era”, agora virou símbolo de retomada. E não é só evento de um dia, não. Vai rolar investimento de R$ 350 mil vindo de emenda parlamentar (conseguida em Brasília, veja bem), pra fazer mais melhorias por lá. Quem trouxe a informação foi o prefeito Gilberto Cezar (PSDB).
É aquela coisa, né? Quando a gente olha pra trás, parece que o Teatrão sempre esteve ali esperando alguém lembrar dele. E agora tão lembrando. Revitalizaram um pouco, já deu pra usar, e vão seguir melhorando. E tem mais: além do Teatrão, o prefeito falou em revitalizar a própria Praça João Corrêa. Quem vive aqui sabe: a praça é o coração da cidade. Que venham os eventos bons, os encontros, as feiras, os espetáculos. Que a praça volte a ser ponto de encontro, de orgulho, de ser aquilo que cada um de nós imagina para aquele espaço.
A beleza que mora em Canela
E já que a gente falou em orgulho e memória… deixa eu contar um negócio pessoal. No fim de semana passado, me deu um estalo e fui lá na frente da nossa Igreja Matriz. Ali que turista para, tira foto, fica boquiaberto. E eu, morador que sou, sempre passei ali com pressa. Mas naquele dia parei. De verdade. Fiquei uns trinta minutos só olhando, respirando, observando.
E me caiu a ficha: a gente perde a capacidade de se encantar com o que é nosso. Aquela igreja é monumental. É simbólica. É linda. Mas pra quem vive aqui, ela vira paisagem do dia a dia, um fundo pro corre-corre. E a gente esquece de olhar.
Fiquei ali, parado, tentando entender por que os de fora se apaixonam tanto e a gente, de dentro, trata como se fosse só mais uma construção. E te digo: no fim daquele exercício, já tava eu ali encantado. Porque é fora do comum, mesmo. E é nosso.
A gente precisa reaprender a olhar nossa cidade com olhos de visitante. Redescobrir o encanto no que parece rotineiro. A beleza de Canela tá nos detalhes.