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Com lei em vigor, canudos biodegradáveis são solução contra o plástico

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MARTINA BELOTTO

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GRAMADO – A vida útil de um canudo plástico dura, em média, apenas quatro minutos, enquanto demora centenas de anos para se decompor. Pior do que o tempo de decomposição, é que quando descartados, os canudos se desintegram em partículas, que chegam aos oceanos e acabam sendo engolidas pelos animais aquáticos. Uma pesquisa da Fundação Ellen MacArthur, estima que, se o uso de plástico continuar aumentando na atual proporção, em 2050 haverá mais plástico do que peixes no oceano.

Diante disso, outras opções alternativas já vêm sendo usadas, como canudos de metal, de vidro e até comestíveis. Em Gramado, a lei que proíbe a utilização de canudos de plástico entrou em vigor no dia 5 de maio. Conforme o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Felipe Andreis, grande parte dos estabelecimentos já aderiu às opções sustentáveis. Felipe, que também é proprietário do restaurante Nonno Mio, explica que seu estabelecimento adquiriu os canudos biodegradáveis. “Os clientes ainda pedem muito, então compramos o biodegradável, mas a gente não leva, só entregamos quando a pessoa pede”, comenta.  

Na distribuidora Da Serra Embalagens, os canudos biodegradáveis comercializados são produzidos com o sistema Eco-One, formado por compostos orgânicos que, quando acionados ao plástico, atraem microorganismos. Ao serem colocados em um ambiente microbiano ativo, como lixões e aterros sanitários, os fungos e bactérias promovem a biodegradação acelerada do material. Em dois anos, o canudo é transformado em húmus e biogás.

A empresa afirma que “após a lei entrar em vigor, o tipo mais procurado é o biodegradável”. Com relação a valores, eles explicam que, inicialmente, o preço dos biodegradáveis chegava a ser quase 50% mais caro. Na última compra, os valores ficaram mais parecidos. Já os canudos de papel ainda são dez vezes mais caros do que os outros.

Para eles, a medida é importante, mas ainda é necessário mudar a mente da população. “As leis são importantes, mas é preciso trabalhar para que as pessoas se conscientizem em descartar o lixo no lugar certo e que os responsáveis pela separação façam de forma correta. Se não for assim, as leis não serão suficientes”, destaca a empresa.

Legislação – De autoria do vereador Rafael Ronsoni (Progressistas), a lei baseou-se em uma solicitação de um Grupo de Professores de Ciências das Escolas Municipais, visando promover a preservação ambiental e a redução de impactos. “Preservar o meio ambiente é uma obrigação de todos, e acredito que com iniciativas com esse viés estaremos conscientizando a comunidade e atuando fortemente nessas questões”, ressalta ele.

Em caso de não cumprimento da lei, pode ser aplicada uma multa no valor de R$ 200 por infração. Nos casos de reincidência, o valor será aplicado em dobro. A partir da terceira notificação, o Município poderá cassar o alvará de licença do estabelecimento.

 

Ação pode despertar conscientização para consumo de outros plásticos

A estudante de Ciências Biológicas, Bruna Cavallin, aprova a iniciativa e alerta sobre a importância de moderar no consumo de outros plásticos. “Não só o canudo é prejudicial, todo plástico é nocivo. Estima-se que mais de 90% da fauna marinha já ingeriu plástico. Então, outra coisa que temos que cuidar é que se, por exemplo, uma empresa não tem mais canudos e substituiu por um copo descartável, não adianta tu pegar, não vai mudar nada”, aponta.

Felipe Andreis também apoia a ação, mas acredita que o consumo de canudos seja apenas um dos problemas relacionados ao plástico. Para ele, uma medida importante, além de diminuir o consumo, é investir na educação para que o descarte do material seja feito corretamente. “Acho que a gente realmente consome muito plástico, mas acho que o nosso maior problema é a educação. Esses plásticos deveriam ser reaproveitados para minimizar impacto. Se a gente ensinasse as pessoas que eles precisam colocar o lixo no lugar certo, não teria lixo no oceano. Esse lixo iria para uma usina de reciclagem, mas depende da gente mandar esse lixo para o lugar certo”, ressalta.

Mesmo que seja uma ação pequena, Bruna destaca que a iniciativa de Gramado pode se tornar exemplo para outros municípios. “É algo a mais que pode ajudar a conscientizar. Tu chega em algum lugar, pega um canudo e ele tem uma embalagem diferente. Tu lê o rótulo e está escrito canudo biodegradável. Tu para e pensa sobre aquilo, se até uma empresa alimentícia está se preocupando com essa questão. E Gramado, por ser turística, pode inspirar outras cidades, outras pessoas”, completa.

 

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