Asfalto de Natal!

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Coluna publicada no dia 27/11.

Guilherme Dettmer Drago. Sócio de Reimann & Drago Advogados Associados. Professor Universitário

Quando o Papai Noel desce a serra, ele vem de trenó — não por charme, mas porque entre Gramado e Canela nenhum veículo terrestre parece capaz de avançar mais que alguns metros por minuto.

Ano após ano, como um ritual pagão do absurdo, autoridades iluminadas decidem que o período de maior fluxo turístico do país é o momento ideal para bloquear a avenida e transformá-la em laboratório de asfaltamento.

Sete quilômetros, meu caro leitor! Sete! Um trajeto que, em condições civilizadas, mal daria tempo para escolher a trilha sonora da viagem. Mas, na nossa realidade serrana de engenharia sazonal, o percurso presta-se a reflexões profundas sobre existência, paciência e arrependimento.

Afinal, é preciso quase uma hora para vencer o trecho — dependendo do horário, é claro, porque a crueldade também segue escalas.

Os turistas, esses heróis involuntários, vêm em busca do “espírito natalino”: luzes, sorrisos, memórias. Mas acabam experimentando outra modalidade de iluminação — a vigilância resignada dos faróis em primeira marcha, enquanto retrovisores brilham sob a dúvida existencial: “Era mesmo uma boa ideia vir de carro?”

E tudo isso poderia ser evitado com um simples exercício de lógica e planejamento!

Mas não: preferem a coreografia das máquinas, os bloqueios improvisados, as filas intermináveis e o caos institucionalizado — tudo no exato momento em que a região deveria ser vitrine de hospitalidade.

O mais impressionante é que ninguém sequer enrubesce! Reiteram-se explicações técnicas, comunicados vagos e promessas de fluidez que se esfarelam no primeiro cone laranja. Como se asfaltamento, este ser místico e imprevisível, só pudesse materializar-se quando os hotéis estão lotados e as ruas transbordam de gente.

Enquanto isso, seguimos nós, moradores e visitantes, em procissão automotiva, ruminando a pergunta que ecoa a cada final de ano: será incompetência, descaso — ou apenas uma tradição local que ninguém teve coragem de questionar?

Uma coisa é certa: entre o pinheirinho e o tambor de compactação, alguém escolheu o pior presente que Gramado e Canela poderiam ganhar. E nós seguimos desembrulhando, lentamente, no ritmo de 7 km por hora.

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