Coluna publicada no dia 19/08.
A sessão da Câmara de segunda-feira rendeu e, como era de se esperar, a saída do ex-prefeito Vellinho Pinto da Secretaria de Obras virou assunto. Ninguém passou batido. O tema que já tava rolando nos corredores, nos cafés e nas rodas de conversa da cidade chegou de vez ao microfone dos vereadores.
O primeiro a puxar o fio foi Alberi Dias. Ele lembrou que, na legislatura passada, quando Velhinho ainda tava no plenário, uma das coisas que mais repetia era que faltava planejamento no governo, principalmente na área da infraestrutura da saúde. E, segundo Alberi, quando o Vellinho assumiu a secretaria, tava na hora de mostrar que o discurso virava prática. Afinal, ele era visto como o “homem do planejamento”. Só que, na avaliação dele, isso não rolou. Alberi foi bem direto: Vellinho não segurou o rojão e acabou pulando do barco.
Logo depois foi a vez de Nenê Abreu falar. Ele disse que o Velhinho não parecia realmente focado no trabalho e, por isso, acabou deixando a desejar.
E aqui entra um comentário meu, de quem acompanhou de perto a legislatura passada: já dava pra sentir que Velhinho não tinha mais aquela energia toda. Sim, falava bastante, fazia levantamentos, trazia críticas, apontava problemas…, mas parecia cansado, sem aquele gás de quem ainda queria brigar todo dia na política. Isso, claro, é uma percepção minha. Mas pode ter pesado também agora, nessa passagem rápida pela Secretaria de Obras.
No fim das contas, ficou claro que não foi uma saída sem peso.
O peso das exonerações e a promessa de campanha
Ainda nesse assunto, o vereador Leandro Gralha trouxe um lembrete que muita gente talvez já tivesse esquecido: lá na campanha, o prefeito Gilberto Cezar prometeu que quem não trabalhasse direito ou fizesse coisa errada ia cair. Sem conversa. E, na visão dele, o prefeito tá cumprindo exatamente isso.
Gralha até lembrou casos dentro do hospital em que houve gente afastada quando foi preciso — sem citar nomes, claro. E aproveitou pra elogiar Gilberto por estar cumprindo o que disse. É um ponto interessante, porque em política a gente sabe que, muitas vezes, existe aquela proteção, aquela rede de apoio que segura quem não tá entregando. Mas, pelo que ele colocou, esse governo não tá seguindo essa cartilha.
É um recado duplo: pra comunidade, de que a gestão é séria nesse aspecto, e pros próprios secretários, de que não tem cadeira garantida se o resultado não vier.
O olhar humano e o transporte da saúde
No meio de tanta discussão política, eu também quero trazer aqui um relato que ouvi e que mostra outro lado do serviço público: quando ele funciona e faz diferença na vida das pessoas. Conversei com Maria das Graças Camerino do Nascimento, 31 anos, e a história dela mexe com a gente.
Maria é mãe de um bebê prematuro que tá internado na UTI neonatal em Caxias do Sul. Desde que o filho nasceu, ela depende do transporte da saúde pra poder visitar ele todos os dias. E a fala dela foi de gratidão.
Ela contou que o serviço nunca falhou: horários cumpridos, motoristas responsáveis, atenciosos, preocupados em saber se tá tudo bem. Coisas simples, mas que fazem diferença enorme num momento tão delicado. Ela disse que esse cuidado ajuda muito a enfrentar a rotina de UTI, que já é pesada demais.
É o tipo de relato que dá perspectiva. Mostra que, quando o serviço público funciona, muda mesmo a vida das pessoas. Pra Maria, esse transporte tem sido essencial, e o reconhecimento dela mostra o impacto positivo que às vezes passa batido em meio a tanta crítica.
A maturidade na continuidade das políticas públicas
Já passado da metade da sessão, quem entrou na conversa foi o vereador Rodrigo Rodrigues. E ele levou o assunto pra um outro nível: a maturidade política que a cidade precisa ter.
Citando, os anúncios das obras de uma nova UBS e a revitalização do Campo do Tatu, Rodrigo falou sobre a importância de dar continuidade a projetos de cidade, independente de quem esteja no governo. Citou vários exemplos de iniciativas que começaram e depois morreram pelo caminho: a rede de esgoto que já existiu e foi interrompida, a coleta seletiva que chegou a 95% e também parou, além da Casa de Pedra, do Teatrão e do Centro de Feiras, que já funcionaram e acabaram sendo deixados de lado.
Na visão de Rodrigo, esse deve ser o caminho: não importa quem começa, alguém tem que terminar. Se não for nesse governo, que o próximo continue. E assim a cidade avança. Ele chamou isso de maturidade, e não deixa de ter razão.