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Sete meses de reconstrução: os bastidores da nova fase da Secretaria de Obras

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Leonardo Santos

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CANELA – Para conhecer de perto a rotina da equipe que tem enfrentado uma verdadeira missão de reconstrução, na manhã de hoje, quarta-feira (23), a reportagem do Jornal Integração esteve na sede da Secretaria de Obras de Canela, localizada no Distrito Industrial. Após sete meses de gestão, os desafios ainda são muitos, mas o esforço diário de reorganizar a estrutura é visível. Em conversa com o secretário Adjunto de Obras, César Prux e com o diretor do Departamento de Obras, Toquinho, o cenário de dificuldades, adaptações e avanços foi detalhado com transparência.

Reinício com pouco nas mãos

A primeira impressão ao chegar na Secretaria de Obras de Canela em janeiro de 2025 foi de que muito mais do que governar, seria preciso reconstruir. Não apenas ruas ou acessos, mas o funcionamento interno da própria estrutura pública. Segundo César Prux, a nova gestão encontrou uma pasta “totalmente debilitada”. Os equipamentos estavam em sua maioria quebrados: havia quatro caminhões, apenas um funcionando; três retroescavadeiras, uma delas operando de forma precária; a patrola, essencial para manutenção de estradas, estava parada. Caminhões caçamba, pás carregadeiras e outros veículos também estavam inutilizados ou aguardando manutenção.

Ainda assim, a população não podia esperar, segundo ele. Logo nos primeiros dias, foi preciso encarar as demandas reprimidas. “Pegamos (a Secretaria) numa quinta-feira, teve a sexta, final de semana, e na segunda a pauleira começou de novo”, recorda Prux. A equipe, que deveria estar em plena operação, precisou primeiro consertar os próprios meios de trabalho. Toquinho foi o responsável direto por coordenar a recuperação de parte da frota. Peças básicas como mangueiras hidráulicas, filtros, pneus e retrovisores estavam em falta ou quebrados. “O vidro da retroescavadeira era só o ferro, chovia dentro. Botamos tudo em ordem no braço, com muito esforço”, explicou.

Além disso, não havia estoque de materiais nem controle de entrada e saída de peças. A atual gestão teve que recomeçar esse processo administrativo, registrando inventário, reorganizando galpões e retomando contratos para manutenção emergencial. “A gente não sabia o que tinha, o que podia usar, o que estava vencido. Tudo era no olho”, relata Toquinho.

Cézar e Toquinho fizeram um panorama da Secretaria de Obras. Créditos: Leonardo Santos/JIH

Mais do que recuperar o parque de máquinas, era preciso reconquistar a confiança dos servidores. Muitos dos funcionários são concursados, com anos de serviço, mas estavam visivelmente desmotivados, descrentes da importância do seu trabalho e da valorização interna. “Cheguei e conversei com todos. Fui indo e só perguntando: como é que vocês acham que fica bom? Temos que trabalhar juntos”, relata Toquinho.

A abordagem adotada evitou imposições verticais. Em vez disso, a proposta foi horizontalizar as decisões: “Não cheguei gritando nem mandando. Disse: quero trabalhar com vocês”. Essa mudança de tom surtiu efeito. Com o tempo, os servidores passaram a se engajar mais, sugerindo soluções e participando das decisões operacionais. “Segunda-feira de manhã, eles chegam e perguntam: onde vamos hoje?”, comemora o diretor.

Toquinho também destaca o respeito às limitações individuais e às funções de cada servidor, algo que antes não era levado em conta. “Tinha gente sendo deslocada sem critério, forçada a fazer função que não era a sua. Isso muda quando tu escuta o servidor”. Para ele, esse foi um dos maiores ganhos da atual gestão: resgatar o orgulho de vestir o colete da Secretaria de Obras.

Tapa-buracos

A operação Tapa-Buracos é uma das mais visíveis para a população, e também uma das mais cobradas. Mas o que parece simples exige logística, planejamento, condições técnicas e, principalmente, clima favorável. Desde janeiro, a Prefeitura voltou a trabalhar com asfalto quente, fornecido por empresa terceirizada. “Mas eles não usinam todo dia”, explica Prux. É preciso avisar a empresa com antecedência, garantir que o material esteja disponível e, sobretudo, ter uma equipe preparada e com maquinário pronto para aplicação.

Além disso, o tempo é fator decisivo. Se chove, não adianta aplicar. Por isso, os cronogramas são feitos semanalmente, e os mutirões ocorrem geralmente entre terça e quinta-feira, evitando sextas e vésperas de feriado para não atrapalhar o fluxo.

Um exemplo recente foi a intervenção na rua Martinho Lutero, esquina com a Paul Harrys, próxima ao campo do Serrano. Ao chegar no local, a equipe percebeu que o problema não era só buraco: havia um cano quebrado, provocando infiltrações. “Tivemos que escavar, fazer a drenagem, botar pedra, compactar e só depois aplicar o asfalto quente”, explica Prux.

Aegea/Corsan e os buracos que não são da Prefeitura

Uma das maiores dificuldades da rotina da Secretaria de Obras é lidar com as interferências causadas pela Aegea/Corsan. Obras da companhia ou de suas terceirizadas, muitas vezes mal sinalizadas ou mal finalizadas, geram transtornos constantes. “Hoje, quando é a Corsan que abre, são eles que têm que fechar. A gente notifica, manda ofício e também comunica a Agesan, órgão regulador”, diz Prux.

O problema maior não é só o buraco deixado, mas o tempo que ele permanece aberto. Há casos em que as valas demoram semanas para serem fechadas, o que afeta o tráfego e gera reclamações da população. “Todo mundo acha que é a Prefeitura que não faz, mas está fora das nossas mãos.”

Os casos mais críticos envolvem trechos como a Rua Marechal Castelo Branco, na Vila Boeira, e ruas na Vila Suzana. Além disso, há as tampas de ferro em desnível, como a da rua Júlio de Castilhos, próximo ao mercado Brombatti. “Ali o risco é grande. Mas como é equipamento da Corsan, se a gente mexer e der problema, a responsabilidade cai sobre nós.”

Obras maiores e prioridades futuras

Com a reorganização da estrutura interna e das frentes de trabalho em andamento, a Secretaria de Obras já começa a avançar em projetos de maior porte. Entre os planejamentos de destaque estão a pavimentação de vias estratégicas para o tráfego urbano e turístico de Canela, como a rua Danton Correa da Silva e a rua da Adolfo Seibt, mais conhecida como “Rua da Citral”.

A Danton Correa da Silva, que liga a zona central à ERS-235, tem sofrido com o desgaste do asfalto, acúmulo de água e buracos que voltam dias após reparos paliativos. “Ali a única solução é recapagem total. É um corredor importante e não dá mais para ficar só no remendo”, destaca Prux.

Já a “Rua da Citral”, no bairro São José, é alvo de constantes queixas pela precariedade do calçamento com paralelepípedos, que já não suporta o fluxo de veículos pesados. “Aquilo ali tem que ser refeito com base nova, drenagem e asfalto. É uma rua judiada pelo tempo e pelo uso”, completa o secretário adjunto.

Soluções criativas e reaproveitamento

Com poucos recursos financeiros e um parque de máquinas que ainda está em processo de recuperação, a saída foi apostar em criatividade. Um dos exemplos é a conversão de um caminhão antigo dos bombeiros em veículo para desobstrução de bocas de lobo. “Adaptamos com bomba de pressão e sistema de mangueiras. Hoje ele atua direto na limpeza das redes”, conta Toquinho.

Limpeza, carpintaria e o dia a dia

A Secretaria de Obras também é responsável por tarefas menos visíveis, mas igualmente essenciais, como a limpeza urbana e manutenção de mobiliário público. Um dos setores que tem recebido atenção é a carpintaria, hoje com apenas um servidor ativo. “Antes tínhamos dois, mas um era contratado e o contrato terminou. Queremos reestruturar esse setor com três ou quatro profissionais fixos”, explica Toquinho.

A ideia é ter uma equipe dedicada para conserto e produção de lixeiras, bancos de praça, paradas de ônibus, cercas, e até estruturas para eventos públicos. “Hoje é tudo na base da emergência. Mas queremos que esse setor seja um ponto forte, porque é o que o cidadão vê no dia a dia.”

A limpeza pública também ganhou reforço. A equipe faz rondas regulares, incluindo varrição, retirada de lixo, corte de grama e remoção de entulho. Durante eventos como a Festa Colonial, o trabalho se intensifica.

Entrevista foi realizada na manhã de hoje para o Jornal integração

Ações conjuntas e comunicação com a comunidade

A Secretaria de Obras mantém atendimento presencial na sede do Distrito Industrial, das 7h30 às 11h30 e das 13h às 17h, e também oferece um canal direto via WhatsApp: (54) 99155.4475. Por esses meios, moradores podem abrir protocolos, fazer reclamações, enviar fotos de problemas e acompanhar os atendimentos.

A comunicação com outras Secretarias também melhorou. Em mutirões conjuntos com a Secretaria de Meio Ambiente, por exemplo, a equipe de Obras tem atuado na remoção de entulhos e podas. “Quando tem entrosamento, a cidade ganha”, diz Toquinho.

BOX

A entrevista completa pode ser assistida por meio da página do Jornal Integração no Facebook na aba vídeos ou clicando neste link https://www.facebook.com/jornalintegracaohortensias/videos/1248311136938656

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