Coluna publicada no dia 15/07.
Hoje foi o primeiro dia em vigor da nova lei da publicidade que proíbe as tais abordagens diretas e outras cositas mas— aquelas que já viraram parte da paisagem, principalmente ali na frente da Igreja Matriz (foto), que é o maior palco dessas abordagens. E como eu sou desses que gosta de ver com os próprios olhos, fui até lá. Não foi relato, não foi boato, foi o que vi e registrei.
Fiquei uns quarenta minutos por ali, só observando, bem de canto, sem chamar atenção. E a movimentação era a mesma de sempre. Uma pessoa que já é até figurinha carimbada pela fiscalização da cidade andava de um lado pro outro, sem parar. Abordava grupo atrás de grupo. Oferecia foto, depois dizia onde almoçar, fazia sugestão, apontava o caminho. Repetia, voltava, fazia de novo.
Fui abordado por ele. Primeira pergunta: “Já almoçou?”. Respondi que sim. Ele sorriu e mandou na lata: “Não quer almoçar de novo?”. Agradeci uma vez. Agradeci de novo. Foi aí que ele me deixou quieto.
Dois passos dali, outro rapaz pedia pra que as pessoas saíssem da frente da câmera. Sim, ele pedia pra pessoas comuns, que só tavam curtindo o passeio, saírem da frente pra ele conseguir fazer o clique do casal que tinha aceitado a foto. E sempre daquele jeito… direto, prático, sem muita volta. Era quase uma coreografia: levanta o braço, chama, oferece, aponta, tira foto, indica almoço, vai pro próximo.
A multa chegou
Mas tem novidade. E das grandes. Já no primeiro dia da nova regra funcionando, a fiscalização não ficou só no “olho vivo”. Foram três os estabelecimentos multados por propaganda irregular — no caso, a panfletagem. Valor de cada multa? R$ 18.274. Aquele susto que bate no caixa.
A fiscalização vai seguir firme durante toda a temporada, com plantão até as 22h todos os dias. Ou seja: se o objetivo era organizar, estão tentando. É ver como a cidade responde nos próximos dias, porque o desafio é grande — e o movimento maior ainda.
O caso do óleo
Na sessão da Câmara, outra pauta daquelas que não há explicação. O vereador Rodrigo Rodrigues (PDT) trouxe à tona um problema que envolve uma mistura difícil: esgoto, gordura e um pedaço importante do centro da cidade.
A rua Praça João Corrêa, trecho entre o antigo Skilo e a Casa de Pedra, é oficialmente uma zona com cobertura de esgoto cloacal. Só que, na prática, não tem rede passando em frente aos restaurantes dali. A rede vai por trás, descendo pra Danton Corrêa. O problema é que, com as obras de alguns prédios construídos ali, a tubulação ficou numa situação bem complicada. E como hoje em dia tem construção em cima de tudo, ninguém mais consegue chegar na tubulação — nem a Corsan, nem particular.
Os restaurantes, então, acabam sem alternativa: pagam a tarifa de esgoto, mas não têm o serviço. Quando entope, é R$ 2 mil pro caminhão vir fazer a sucção. Um custo pesado. Só que isso não é o pior.
Rodrigo disse que recebeu um vídeo — que, por motivos óbvios, não pode divulgar — em que aparecem jogando dois baldes de 20 litros cheios de óleo de cozinha direto num bueiro da rede pluvial (foto). Quarenta litros. E aí vem aquele dado que sempre dá um aperto: um litro de óleo contamina 25 mil litros de água. Quarenta litros, então, um milhão. Um milhão de litros de água contaminados por um descarte errado. Uma cena que marca, mesmo quando não se vê.
Rodrigo, que pincelou sobre esses dados, já oficiou a Corsan, pedindo que tomem uma providência.
Festa colonial e os tropeços do começo
E como tudo acontece ao mesmo tempo, o vereador Nene Abreu (MDB) também subiu à tribuna pra falar da Festa Colonial. E ele falou com propriedade. Afinal, são 29 participações em 31 edições da festa — não é pouca coisa.
Ele elogiou o evento, disse que está bonito, bem montado e que segue valorizando os produtores locais. Mas também apontou alguns tropeços que precisam ser lembrados — especialmente pra que não se repitam.
Na barraca da mãe dele, por exemplo, a energia elétrica só chegou às 20h45 da noite na sexta-feira. Isso mesmo: a barraca tava montada, com seis pessoas prontas pro atendimento, mas sem luz. E sem luz ou água, não tem como fazer comida, vender, servir. Só resta esperar. Segundo ele, também faltou água e energia em alguns outros pontos.
Nene foi bem direto: não dá pra começar uma festa sem água e sem energia. Mas também foi cuidadoso. Disse que críticas são necessárias, mas que precisam ser feitas com respeito. E que, acima de tudo, servem de aprendizado. Porque o importante é melhorar.
Ele também citou a empresa responsável por essa parte da estrutura e sugeriu que talvez ela não tenha dado conta do recado como deveria.
A volta de Constantino?
E pra fechar, uma movimentação política nas redes sociais chamou atenção. O deputado federal Alceu Moreira (MDB) publicou uma foto ao lado do ex-prefeito Constantino Orsolin. Até aí, tudo bem. Mas a legenda e o gesto diziam muito mais.
Alceu praticamente lançou Constantino como pré-candidato a deputado estadual para a próxima eleição. E quem acompanha a política local lembra bem: Alceu tem um histórico de antecipar esses movimentos. Foi ele, por exemplo, que lançou Marcelo Savi como sucessor de Constantino na última eleição municipal — já que Orsolin não podia concorrer mais.
Na época, Alceu até fez um gesto simbólico. Disse que seria uma ponte, e que os eleitores do Constantino deveriam atravessar essa ponte e votar no Marcelo. Era o sucessor natural, dizia ele. Só que a história tomou outro rumo, e Marcelo acabou perdendo para o atual prefeito, Gilberto Cezar.
Agora, com essa nova postagem, a conversa muda de tom. Constantino volta ao centro da roda, dessa vez como possível nome para a Assembleia Legislativa. E se vai ou não se confirmar, o tempo vai dizer. Mas que mexe com o tabuleiro, mexe.
