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Fiquei feliz com o que ouvi

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Coluna publicada no dia 18/06.

Sai da apresentação da Festa Colonial ontem com o peito estufado de orgulho. Foi mais do que um evento pra divulgar programação de festa — foi um baita lembrete de quem a gente é. E olha, o prefeito Gilberto Cezar foi muito bem no seu discurso. A fala dele sobre pertencimento foi de bater palmas. Disse que queria poder passar pros outros canelenses o orgulho que ele sente de ser daqui. E eu, como um dos que estava ali, posso dizer: esse sentimento deve ser de todos.

A gente tem, sim, uma mania feia aqui em Canela de viver se comparando com Gramado. De dizer que “lá é melhor”, “aqui falta isso, falta aquilo” … parece que é esporte municipal se colocar pra baixo. Mas olha só em volta: a gente mora num lugar lindo, com história, cultura, gente trabalhadora, terra fértil e rica em alma. A Festa Colonial veio nos lembrar disso. Ela acontece de 11 a 27 de julho (tem matéria nesta edição).

O peso das homenagens

Entre as muitas coisas bonitas que a festa trouxe (e não foi pouca coisa, viu), me tocou demais a homenagem feita à família do Mirinho e da Marina — vítimas daquele deslizamento cruel no interior de Canela no ano passado. Mirinho e Marina não eram só nomes, eram presença constante e fomentadores do esporte canelense, especialmente na bocha. E agora, seus nomes vão seguir vivos: a taça da bocha vai carregar o nome deles nos Jogos Coloniais. Não é só um gesto bonito. É um símbolo. De memória, de gratidão, de vínculo com a nossa comunidade. Uma reverência que emociona e honra.

Grazi presidente (e que baita história)

E falando em orgulho… vamos falar de uma mulher que também fez história nesta semana? Tô falando da vereadora Graziela Hoffmann (PDT). A Grazi assumiu a presidência da Câmara de Vereadores de Canela. É verdade que foi de forma interina, porque o presidente titular, Felipe Caputo, não pôde comparecer à sessão de segunda por questões de saúde — e melhoras pra ele, claro. Mas interina ou não, a história foi escrita.

Grazi é vice-presidente da mesa diretora, e por isso coube a ela assumir. E olha, não foi pouca coisa não. Ela é a vereadora mais votada da última eleição. E com esse gesto, mesmo temporário, ela se junta a um grupo pequeno — e simbólico — de mulheres que já ocuparam a presidência da Câmara.

Antes dela, só quatro outras: Erena Feldmann, lá em 2000; Noeli Stopassola entre 2009 e 2010; e a Emilia Guedes Fulcher, que primeiro assumiu interinamente e depois virou presidente oficial em 2022. A Carmen Seibt também assumiu umas vezes, mas sempre de forma pontual. Ou seja: mulher na presidência da Câmara é coisa rara. E simbólica.

O que disse a própria Grazi

Conversei com a própria Grazi sobre isso e dá pra sentir no tom dela que esse momento foi marcante. Nas palavras dela:

“Fico muito feliz e honrada em assumir a presidência da Câmara. Existem momentos que marcam profundamente a nossa trajetória na política, e tenho certeza de que este, em que assumo pela primeira vez essa função, será um deles. É uma responsabilidade diferente, que acaba somando um novo e importante compromisso ao meu trabalho como vereadora.”

É de arrepiar ver uma mulher falando com tanta verdade e emoção sobre ocupar um lugar desses. E ela não tá ali de enfeite não.

Mandato firme e com propósito

A mulher é firme no que faz. E não é de agora. Foi ela que propôs e preside a Comissão de Investigação da Corsan, algo que mexe com um vespeiro. É dela também o anteprojeto que cria o Conselho e o Fundo da Causa Animal. Outra proposta de sua autoria é o programa “Empresa Amiga da Escola”, que já tá quase pronto pra sair do papel junto com o Executivo.

Além disso, conseguiu aprovar um projeto de lei que dá mais transparência pros conselhos municipais — e segue em busca ativa por recursos. Tá ou não tá trabalhando por Canela?

“Mesmo estando no meu primeiro mandato, desde a eleição manifestei o desejo de ocupar esse espaço. Além das ideias que quero colocar em prática para fortalecer a nossa Casa Legislativa, acredito ser extremamente simbólico e necessário termos mulheres à frente de espaços de decisão. Isso amplia nossa voz, fortalece a representatividade e inspira outras mulheres, especialmente as mais jovens, a enxergarem na política um caminho possível e necessário!”

A política ainda é bruta pra mulher, mas ela tá abrindo trilha

Não é de hoje que se sabe: a política ainda é território hostil pra mulher. A própria Grazi falou disso. Muita vez a pauta delas é desvalorizada, ou jogam tudo pro lado “feminino”, como se só fossem úteis em temas “femininos”. E ainda tem a invisibilização. Mulher faz, acontece, propõe, articula — e às vezes nem é noticiada.

“Confesso que não tem sido fácil. A política, tanto local quanto nacional, ainda é majoritariamente dominada por homens. Muitas vezes, temos nossa competência questionada, nossas pautas desvalorizadas ou associadas apenas a temas considerados ‘femininos’, até mesmo a visibilidade do nosso trabalho é menor. Mas estou muito feliz em viver esse momento e poder contribuir com a nossa cidade!”

Bah, e sabe o que é mais bonito? Ela não desanima. Pelo contrário. Se fortalece.

“Como mulher, esse momento me emociona profundamente. Sei das dificuldades que enfrentamos por estarmos nesse lugar, mas viver essa experiência me fortalece ainda mais. Tenho me empenhado em fazer um mandato sério, ativo e comprometido.”

Representatividade importa — e muito!

Essa história da Grazi na presidência da Câmara é mais do que “ah, legal, uma mulher lá no comando por um dia”. Não, tchê. Isso é simbólico. É uma fresta aberta num espaço onde quase sempre só entram os mesmos. E se essa fresta abrir caminho pra mais mulheres botarem o pé, vai ser por conta de exemplos assim.

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