Coluna publicada no dia 02/05


Você lembra onde estava, o que estava fazendo quando soube da tragédia naquele dia 02 de maio de 2024? Muitas memórias ficaram. Tristes memórias. Vinham sendo dias de muita chuva, fora do normal, percebia-se que algo era diferente desta vez, que não se tratava de uma simples enchente, como as que ocorrem frequentemente. O clima era tenso. Mas aquele amanhecer foi chocante. Quando chegaram as notícias da Linha Pedras Brancas, do Quilombo e do Rancho Grande, todos paralisamos. Era preciso se reorganizar, foi o momento que a ficha caiu. Isso pode mudar um pouco de acordo com a função de cada um, mas todos, certamente, receberam o aviso, era como se fosse a concretização de algo muito ruim que vinha sendo alertado. Aquela noite choveu muito, trovoava forte, mas ainda assim, quem não teve a casa atingida, pode dormir até o dia clarear. Eu, pela profissão, visitei muitos destes lugares. Ajudei tirar tábuas de cima dos corpos da família Branchine, estive no Colombo e em muitos pontos afetados. Acompanho os fatos relevantes da região como jornalista desde 1996, vi muita coisa, mas estava em choque naqueles dias. E me emocionei muito hoje novamente ao voltar para a Pedras Brancas.
Seu Ari Branchine contou que a igrejinha antiga, que mudaram de ponto quando construíram a nova só para preservar, foi levada pela lama. Dentro dela guardavam as tesouras para terminar a reforma do Pavilhão, as quais foram encontradas lá na barranca do Rio Caí, para termos ideia da força da Avalanche.
Um ano depois
A nível de Estado, e União, não posso fazer comentários porque teria de estudar um pouco mais a respeito. Mas, Gramado e Canela, no que tange aos poderes públicos, deram as respostas adequadas, até aqui. Os desabrigados foram acolhidos inicialmente para abrigos, depois obtiveram o aluguel social. Os moradores do Bairro Piratini, área interditada, já tiverem seus terrenos indenizados; o Loteamento Orlandi teve uma solução; o Três Pinheiros tem a contenção em construção, etc..
Altos investimentos
Os fatos urgentes foram cuidados corretamente. Já aquelas obras mais caras e complexas, muitas delas ainda precisam serem feitas. No caso de Gramado a Estrada Velha, a rua Henrique Bertolucci e o que vai ser feito com aquela área toda do Piratini ainda estão no radar. Tem mais uma série de casos pendentes, como as moradias da Linha Ávila, e o residencial Alphaville. Em Canela, o desafio é a reconstrução da Rota Panorâmica.
Recuperação econômica
Além das obrigações do Estado, temos a questão econômica global. Como somos uma região turística fomos diretamente impactados, especialmente pelo fechamento do Salgado Filho, até o dia 21 de outubro de 2024. Tivemos um ano bem complicado e muitas empresas demonstram fragilidade financeira por falta de movimento, especialmente as do setor de gastronomia e hotelaria, também pela sucessão de crises, iniciadas pelo Covid19, em março de 2020 e teve outra forte enchente em setembro de 2023, que prejudicou o turismo gaúcho, que soma quase 50% do movimento de Gramado e região.
O Natal, porém, já foi um pouco melhor e depois da natural estagnação de janeiro e fevereiro, aos poucos se percebe uma certa normalidade. A temporada de Páscoa foi a melhor de todos os tempos e o feriadão em curso está com boa ocupação. Hoje, duas redes hoteleiras consultadas pela coluna declaram ocupação acima de 85% e a expectativa é que 2025 seja de recuperação.