Leonardo Santos – [email protected]
CANELA – O drama dos moradores da rua Nossa Senhora Medianeira, no bairro Vila Maggi, parece não ter fim. Há mais de um mês e meio, um vazamento de esgoto em uma rede de drenagem toma conta do terreno da família Tomasi, trazendo graves consequências para a saúde e segurança da residência.
Com pequenas quantidades de chuva, o esgoto jorra, escorre pelo pátio, acumulando sujeira, mau cheiro e colocando em risco a estrutura da casa. No calor, o mau cheiro toma conta. Segundo os moradores, o problema se arrasta há décadas e nunca foi solucionado de forma definitiva. A reportagem do Jornal Integração foi até a casa para falar com a família Tomasi.
“Nós fomos a todos os lugares, fizemos tudo o que tínhamos que fazer. Mas ninguém resolve nada. A casa da minha mãe está caindo e ninguém se responsabiliza”, relata Eduarda Tomasi, uma das moradoras afetadas.
A rotina de sofrimento

O cenário descrito pela família é alarmante. O cheiro forte impede a circulação no quintal, as crianças não podem brincar na rua, e problemas de saúde começaram a surgir entre os moradores.
“Eu e minha filha já tivemos diarreia, vômito e dores de cabeça. Não podemos nem abrir as janelas porque o cheiro invade a casa. É insuportável”, lamenta Elisete da Silva Tomasi, mãe de Eduarda.
Além do mau cheiro, o local também virou ponto de proliferação de ratos e insetos, já que o esgoto escorre e se mantém debaixo da casa de madeira, agravando ainda mais a situação.
“Os bichos andam com isso na boca. Até os cachorros e gatos daqui acabam ingerindo essa água suja”, complementa Roseli Tomasi, irmãe de Elisete.
A situação também impacta diretamente a vida profissional de Elisete, que trabalha como diarista. Em contato com autoridades, que prometem visitas e soluções, ela espera, mas, em muitas dessas ocasiões sequer recebe essas visitas.
Além disso, Elisete relata medo de sair de casa e, ao retornar, encontrar a residência desmoronada, ela tem recusado serviços e deixado de trabalhar. “Eu não consigo mais sair para trabalhar. Meu medo é sair e voltar e não ter mais casa. As paredes já apresentam rachaduras e ninguém se responsabiliza”, afirma.
Falta de providências e descaso do poder público
Os moradores alegam que já buscaram ajuda na prefeitura e diretamente com a Corsan, mas nenhuma solução definitiva foi apresentada. “A Corsan só vem, olha e vai embora. Quando muito, fazem um paliativo, mas depois de alguns dias volta tudo ao normal. Quando procuramos respostas, dizem apenas para ‘procurar nossos direitos'”, desabafa Eduarda.
Para agravar a indignação dos moradores, a família Tomasi sequer utiliza o esgoto da Corsan, mas ainda assim paga taxas pelo serviço. “Pagamos por algo que nem usamos e ainda sofremos com esse esgoto que vem de todos os vizinhos para dentro do nosso terreno. Isso é um absurdo!”, reclama Elisete.
Segundo os relatos, a prefeitura também evita tomar qualquer medida mais firme contra a Corsan. “Parece que a prefeitura tem um rabo preso com a Corsan. Se fosse algo ambiental, já teriam resolvido. Mas como é com a gente, ninguém faz nada”, desabafam
Risco estrutural e possível ação judicial

A família teme pelo pior. Com o solo constantemente úmido devido ao vazamento de esgoto, a estrutura da casa já começa a ceder. Diante da negligência dos órgãos responsáveis, os moradores já cogitam tomar medidas mais drásticas. “Vamos entrar com uma ação judicial. Já esperamos demais, e nada foi feito. Precisamos de uma solução urgente”, afirma Eduarda.
Residem na casa, Elisete e o marido, a filha Eduarda e os netos pequenos, de 1 e quatro anos. A reportagem do Jornal Integração entrou em contato com a Corsan e a Prefeitura de Canela para obter esclarecimentos sobre a situação e entender quais providências serão tomadas para resolver o problema.
Por meio de nota a Prefeitura de Canela se manifestou:
“A Secretaria de Obras confirma a abertura de protocolos no endereço, constatando a responsabilidade da Corsan e também efetuando cobranças à Companhia para que solucione o problema. Percebendo que a Corsan não compareceu ao local, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Obras, foi até o local realizar uma limpeza paliativa e emergencial com hidrojato”.
Já a Corsan não retornou o contato do JI.












