Tiago Manique
GRAMADO – O Centro Esportivo Gramadense (CEG) alcançou o sonho da Série A2 do Gauchão. Jogando a partida de volta da semifinal da Terceirona Gaúcha na Vila Olímpica, na tarde de domingo (24), a equipe serrana precisava apenas de um empate para chegar à final e, consequentemente, garantir o acesso. E conseguiu. Perdeu no tempo normal para o São Paulo de Rio Grande por 1 a 0. Como havia vencido fora de casa por 2 a 1, a decisão foi para os pênaltis, onde o CEG venceu por 9 a 8.
Toda essa construção, assim como a de qualquer imóvel, para ser solidificada, precisa de uma base sólida. Por mais que seja difícil no futebol ter paciência e equilíbrio para projetar a longo prazo, assim foi feito pelo clube, quando fez a transição em 2008 do futebol amador para buscar a profissionalização.
Essa metodologia foi lembrada por Lucas Roldo, que, junto a outras pessoas, iniciou essa mudança de rumos do clube. Ele destacou ainda a questão da valorização das crianças e adolescentes e da participação das famílias nesse processo.
“ Passa um filme, muitas pessoas fizeram parte disso. Talvez ainda não consiga enxergar a dimensão disso, é algo novo e grande. Tivemos um menino [Pardinho] de 16 anos batendo pênalti e o Maicon, desde os 8 anos, aqui no clube defendendo. É apaixonante, principalmente ver as crianças se motivando e estando inseridas no esporte. Ter as famílias junto nesses momentos. O clube que vai fazer 100 anos em 2029 e vocês [atletas] fazem parte. Tenho muita alegria de contribuir um pouco para essa história, assim como inúmeras pessoas que ajudaram nessa transição do amador para o profissional”, disse.

Experiente com acessos à elite do futebol gaúcho com o São Gabriel, Glória de Vacaria e Esportivo em duas oportunidades, Carlos Moraes ressaltou a importância dessa conquista para o clube e para os jogadores. “O clube dá um salto na sua história. Agradeço por poder conhecer a estrutura do clube, e faz tempo que vivo o futebol, mas a emoção é diferente. Poucos meses atrás, perdi o acesso e hoje o futebol me proporcionou ganhar. A foto de cada um que está aqui ficará na parede. Vocês vão ver o quanto foi importante proporcionar isso para o clube. Parabenizo vocês pela maturidade. Cresceram em relação a serem atletas, principalmente no momento das cobranças de pênaltis, pois aquele lugar não é fácil de ter toda a responsabilidade e cobrar. Uma coisa que sempre digo: jamais larguem o jogo. Eles [jogadores] tiveram a bola da partida e não conseguiram, porque todos nós estávamos juntos com uma energia positiva”, discursou.

Estreante e com personalidade, o garoto Pardinho marcará para sempre a data de 24 de novembro de 2024 em sua vida. Com apenas 16 anos, estreou como atleta profissional, entrando em campo na segunda etapa de um jogo decisivo. Quis o destino que, das 20 cobranças, uma fosse para seus pés. Foi lá e, como ‘gente grande’, com calma, cobrou, deslocando o goleiro. Ele falou sobre o significado do momento, em que, nos últimos dois anos, estava na arquibancada torcendo pelos atletas que agora são seus companheiros.
“ Estava na arquibancada torcendo por vocês, vi vocês [atletas] sofrendo dois anos seguidos tentando o acesso, e hoje poder estar aqui contribuindo é uma alegria imensa”, falou.
