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Constantino Orsolin avalia gestão, reclama de falta de organização do MDB na eleição e planeja futuro político

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Leonardo Santos[email protected]

CANELA – Após oito anos à frente da Prefeitura, o prefeito Constantino Orsolin (MDB) se prepara para deixar o cargo no dia 31 de dezembro. Em entrevista exclusiva, ao Jornal Integração Orsolin fez um balanço de sua administração, falou sobre os desafios da transição, detalhou projetos que ainda pretende concluir e compartilhou suas expectativas para o futuro político, incluindo a pré-candidatura a deputado estadual.

Gestão e responsabilidade pública

Com uma trajetória de oito anos como prefeito, Orsolin destacou sua postura de responsabilidade com o serviço público, afirmando que continuará exercendo seu papel até o final de dezembro. “Nós estamos aqui muito tranquilos até porque a gente tem que ter a responsabilidade pública, e que a gente é pago até 31 de dezembro, então temos que tocar o barco até 31 de dezembro”, comentou o prefeito.

Orsolin ressaltou o trabalho conjunto com as Secretarias Municipais, agradecendo pelo empenho de todos durante sua gestão. Mesmo com uma pequena parcela de insatisfações, elogiou a dedicação dos servidores: “Tive servidores e servidoras extremamente competentes, dedicados, responsáveis e é por isso que se fez um grande trabalho.”

Dificuldades e reflexão interna do partido

O prefeito admitiu que a recente derrota nas urnas trouxe um momento de reflexão, especialmente para o MDB, seu partido. Segundo ele, a coordenação da campanha teve falhas que impactaram no resultado eleitoral. “Nós tivemos uma falha na coordenação, em todos os sentidos, desde a demora na escolha dos candidatos até a própria nominata para vereadores”, afirmou Orsolin.

A perda de aliados importantes, como Alfredo Schaffer, que não se candidatou, foi um dos desafios apontados pelo prefeito. Orsolin enfatizou a importância de reestruturar o partido, mencionando que o MDB Canela possui cerca de 2 mil filiados e precisa reforçar a relação com eles. A reconstrução do partido já está nos planos para a eleição da nova executiva, em abril do próximo ano.

Constantino, ainda se referindo a eleição, pontuou a dificuldade de administrar um time desorganizado, como foi na eleição, citando o exemplo do clube de futebol Flamengo, que teve dificuldades com gestão com a chegada técnico Tite. “A organização é tudo em qualquer empreendimento”, diz. Ele admite que as obras não votam, mas ressalta que seu envolvimento com a população e a escuta ativa foram diferenciais de sua gestão.

Desafios políticos e críticas à fragmentação

A experiência da última campanha trouxe ao prefeito uma percepção sobre os desafios de uma candidatura própria em um cenário de fragmentação partidária. Ele considerou o modelo atual de disputas como “uma espécie de suicídio”, dada a quantidade de partidos envolvidos. “Eles [oposição] tinham 58 candidatos, por menos que fizessem, eram 5 mil votos a mais que teriam possibilidade de fazer acima da gente”, explicou Orsolin.

O prefeito também criticou a divisão interna do próprio partido e as dificuldades em alinhar interesses, apontando que uma política fraca resulta em uma democracia enfraquecida. “Quando você tem partidos fortes, você tem uma política forte. Quando você tem entidades fortes, você tem uma sociedade forte.”

Transição de governo e continuidade dos projetos

Em meio à transição para o governo de Gilberto Cezar, Orsolin destacou a importância de passar adiante contratos fundamentais, principalmente aqueles que envolvem continuidade, como o contrato do lixo, que se estende até fevereiro de 2024. A equipe de transição já começou a revisar os contratos e a contabilidade da gestão atual, além de preparar um balanço detalhado que será divulgado em 20 de dezembro.

Projetos e obras em andamento

Orsolin listou algumas das obras que espera finalizar até o fim do ano. Entre elas estão pavimentação de ruas importantes, como João Goulart, Homero Pacheco e Rui Viana. A pavimentação da rua em frente ao quartel dos bombeiros também está em andamento, que será exclusivamente uma servidão de passagens para os caminhões da corporação.

Outros projetos que demandam continuidade foram discutidos, como a recuperação da Rota Panorâmica e obras de macrodrenagem para evitar alagamentos em áreas vulneráveis. Segundo Orsolin, a Prefeitura de Canela está com uma capacidade de endividamento de R$ 340 milhões, e a dívida atual é de R$ 83 milhões.

Pré-candidatura a deputado estadual e foco no turismo

Orsolin revelou suas intenções políticas para o futuro: ele já trabalha em sua pré-candidatura a deputado estadual. Para o prefeito, a região precisa de uma representação estadual que valorize o turismo como principal fonte de renda de Canela e Gramado. “Nós temos um grande fator do turismo da região e nós nunca conseguimos nem um secretário de Turismo no Estado. A nossa sobrevivência maior é o turismo”, comentou.

“A lua de mel termina no primeiro de janeiro”

O prefeito citou uma fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, direcionada a gestores públicos, destacando que o período inicial após uma eleição é o mais desafiador. “A partir do 1º de janeiro, a boleira vem. Hoje sinto que uma tábua a mais cai das minhas costas. É muita responsabilidade ser prefeito”, afirma Constantino. Segundo ele, a visibilidade do cargo torna o prefeito alvo de críticas e cobranças. “As pessoas falam de bem ou mal, ninguém fala do juiz, do delegado. Mas o prefeito é todo mundo sabidão”, desabafou.

A burocracia e o Ministério Público

Constantino também critica a pressão e o controle dos órgãos de fiscalização, como o Ministério Público. Ele explica que muitas ações da prefeitura, mesmo as mais rotineiras, são questionadas, o que impacta no tempo de resposta às demandas da cidade. “Hoje em dia, para você fazer qualquer coisa, eu tenho que dar satisfação ao Ministério Público. Isso é um absurdo”, argumenta. Segundo ele, essa burocracia atrasa projetos e serviços para a população.

O papel dos vereadores

Outro ponto levantado foi a atuação dos vereadores e seus assessores. Constantino observa que esses cargos muitas vezes geram demandas extras para a administração municipal. “Pobre do novo prefeito. Eles têm que dar um motivo para estarem lá e, para isso, acabam enviando pedidos diários para o prefeito responder. Isso sobrecarrega a equipe”, explica.

O Centro de Convenções: uma frustração pessoal

Constantino se mostra frustrado por não ter conseguido concretizar a construção do Centro de Convenções, que ele vê como um potencial trunfo para o turismo e economia de Canela. Ele relata que a maioria da população apoiava a iniciativa, mas uma “minhoquinha” começou a minar o projeto. “A minha frustração foi: cadê o pessoal dos parques, restaurantes, hotéis e  das pousadas se manifestar a favor disso aí?”, questiona.

O legado das obras e a expectativa da continuidade

Ao longo de sua gestão, Constantino se orgulha de ter deixado obras estruturais e sociais que transformaram a cidade. Ele destaca que Canela hoje é um município com alto grau de autoestima. “O povo de Canela se tornou exigente. Quando entrei em 2017, falavam de crateras. Hoje, um buraquinho já gera reclamação”, conta o prefeito. Ele espera que seu sucessor continue projetos como as escolas de tempo integral e o atendimento hospitalar.

A educação e o projeto para os idosos

Dentre seus projetos mais ambiciosos está a implantação de creches para idosos, uma iniciativa voltada ao cuidado e socialização dos mais velhos. Constantino ressalta que a ideia partiu de uma conversa com o médico Roberto Laranjeira, um especialista em saúde. “O idoso se sente bem no meio dos seus”, explica. Ele acredita que essa ação será essencial para o futuro de Canela, considerando que muitas famílias têm cada vez menos filhos e que os idosos ficam sozinhos.

Futuro político e a reorganização do MDB

Sobre seus próximos passos, Constantino deixa claro que não pretende atuar no próximo governo, se fosse convidado, por acreditar em propostas diferentes. Sua intenção é reorganizar o MDB e fortalecer a oposição na cidade. “Agora a minha missão é outra. Vamos reorganizar o partido e preparar a pré-candidatura de deputado”, afirma. Ele vê na divergência de ideias uma oportunidade de crescimento e construção coletiva. “Quanto mais divergente forem as ideias, mais possibilidade de construção positiva.”

Visões para o futuro: liderança e continuidade

Ao refletir sobre os novos líderes políticos, Constantino reconhece que é preciso mais do que carisma para se destacar. “Para ser candidato a prefeito, tem que ter postura”, enfatiza. Ele encerra a conversa com um olhar para o futuro e seu desejo de que as próximas gestões continuem investindo no crescimento e bem-estar da cidade de Canela. “Quem não sabe agradecer, não sabe pedir”, pontuou o prefeito, lembrando que a gratidão é uma base essencial para o trabalho conjunto entre a administração e a comunidade.

Fim de um ciclo e reflexões sobre a participação popular

Além de fazer um balanço do que deu certo e dos desafios de sua gestão, Orsolin demonstrou preocupação com o elevado índice de abstenção na última eleição, que chegou a quase 29% em Canela. Ele defendeu a necessidade de investigar as razões por trás dessa taxa elevada de ausência nas urnas.

O prefeito concluiu a entrevista com uma mensagem de valorização da política, destacando o impacto que as decisões políticas têm no cotidiano das pessoas: “Quem decide tudo na vida da gente é a política. Então, as pessoas também devem amadurecer um pouco.”

A entrevista completa pode ser assistida por meio da página do Jornal Integração no Facebook

https://www.facebook.com/jornalintegracaohortensias/videos/1088641309464133

2 COMENTÁRIOS

  1. mavoltei para Canela a 6 meses, sempre ouvia e ouço, pessoas que falam bem da pessoa desse prefeito, os meses que estou aqui, sempre fui bem recebida pelos servidores, agentes de saúde, no UBS, no Hospital e Caps, não tenho queixas.Gratidao, sem ao menos conhece-lo.

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