InícioSegurançaGramado e Canela“Não ousem lavar dinheiro na nossa região”, dispara delegado Barcellos

“Não ousem lavar dinheiro na nossa região”, dispara delegado Barcellos

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GRAMADO – Na manhã desta sexta-feira (22), a Polícia Civil cumpriu 11 mandados de busca e apreensão, nove em Gramado (em residências e estabelecimentos comerciais e dois no Litoral (uma residência em Capão da Canoa e um restaurante em Xangri-lá), para deflagrar a Operação Komendador, que investiga lavagem de dinheiro no setor gastronômico gramadense.

Os restaurantes citados na investigação são o Komendador, Contemporâneo, Condado e Casa Galo. Ainda, seis pessoas e nove empresas tiveram a quebra de sigilos bancários. Ninguém foi preso.

Está a frente da Operação a 2ª Delegacia de Polícia Regional do Interior (2ª DPRI), com sede em Gramado, em conjunto com a Delegacia de Repressão aos Crimes de Lavagem de Dinheiro do do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Ao todo, 45 policiais participaram.

São apontados como “cabeças” dos crimes um casal e um homem, que seriam proprietários dos restaurantes investigados. A investigação aponta que o casal comanda um esquema de “laranjas” para não levantar suspeitas. Estes laranjas também são investigados e serão interrogados.

A Polícia Civil concedeu coletiva afim de esclarecer demais detalhes da Operação Komendador. Estiveram presentes os delegados Gustavo Barcellos, responsável pela 2ª DPRI, Cassiano Cabral, diretor da Divisão de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro do DEIC, e Filipe Bringhenti.

“O objetivo da Operação foi a obtenção de provas acerca dos fatos investigados para termos uma robusteza maior e ampliar o leque de investigações a respeito da célula criminosa”, explicou Barcellos.

O delegado informou que as buscas não estão encerradas. “Apreendemos farta documentação, que será analisada, um veículo de luxo, dois jet skis, valores em espécie e outros elementos pertinentes. Isso (Operação) é um recado ao crime organizado para que não utilize a Região das Hortênsias para lançar seus tentáculos na nossa economia”, frisou.

Ele continuou. “Não podemos deixar esses criminosos criarem uma concorrência desleal aos que trabalham anos, que são os empresários”, sublinhou.

O delegado Cabral destaca que a Operação passa um recado e que as autoridades não deixarão este tipo de crime continuar na Região.

“A Operação passa um recado muito sério. Isso (lavagem de dinheiro) não vai prosperar aqui. Percebemos que em pouco tempo um criminoso consegue tomar uma boa parcela do ramo gastronômico da cidade. Com essas ações cortamos isso pela raiz”, delegado Cassiano Cabral.

O delegado Bringhenti frisou a importância do desfalque financeiro que a ação policial promoveu contra a facção, prejudicando a operacional criminoso. Ele ainda acredita que a comunidade gramadense não fechará os olhos para estas situações.

“Promoveu um desfalque financeiro, um prejuízo que esse trabalho produz em uma facção muito abastada e que há muito tempo pratica incontáveis crimes economicamente motivados. Esse desfalque é fundamental para dissuadir essa célula. Gramado não fechará os olhos para quem quiser depositar dinheiro sujo na economia local”, garantiu.

O começo das investigações

De acordo com Barcellos, as investigações começaram há cerca de dez meses. As suspeitas sobre o esquema iniciaram quando o homem teve uma mudança de vida financeira exponencial. Anteriormente, entregador de panfletos, o indivíduo teve crescimento na vida financeira, após um período no sistema prisional e começar a se envolver com a mulher investigada. Em tese, ele teria sido escolhido pela facção criminosa investigada para cometer os delitos.

“Depois que ele deixou a prisão começaram a surgir informações sobre a aquisição de restaurantes e de coações praticadas por ele. Entre elas, intimidações e ameaças. Até agentes municipais, que trabalham no trânsito e na fiscalização de posturas, sofreram com essas intimidações”, contou.

Em um episódio, o homem teria tomado o celular de um agente, quebrado o aparelho, posteriormente ameaçando-o de morte.

“Nessa ocasião ele estava com um veículo de luxo, avaliado em cerca de R$ 700 mil. Ali foi onde acendeu a luz vermelha e iniciamos a investigação”, apontou.

Barcellos voltou a falar sobre o objetivo da Operação e a importância de evitar que os criminosos tenham liberdade para isto. Ele também mandou um recado para os interessados em cometer este tipo de delito na Região.

“O principal objetivo é descapitalizar essas facções, asfixiando economicamente. Para lavar esse dinheiro eles precisam que esse dinheiro vá para dentro do mercado e precisamos evitar isto, já que causa desregulação do mercado, concorrência desleal e temor. Não ousem lavar dinheiro na nossa região, nós iremos atrás”, salientou.

A investigação identificou que dinheiro sem procedência foi depositado na economia gramadense, proporcionando a aquisição de pontos comerciais e o pagamento de custo operacional dos estabelecimentos.

“Agora o investigado terá a oportunidade de explicar e provar a proveniência deste dinheiro, o que acreditamos que não vá ser bem sucedido”.

O Delegado Gustavo explica que os restaurantes não terão sua atividade econômica afetada já que o pedido de bloqueio de contas de pessoa jurídica foram indeferidos pelo Judiciário.

“Não houve deferimento dessa cautelar de bloqueio. Representamos, mas não foi aceito”.

O delegado Cabral ainda frisa que o deferimento poderia ser prejudicial aos funcionários e fornecedores que trabalham honestamente nos estabelecimentos investigados.

“Importante explicar que o restaurante, apesar de ser comandado por esse criminoso, tem funcionários trabalhando normalmente e regularmente de maneira honesta. Para que a gente não impeça que eles continuem exercendo suas funções e continuem levando sustento para suas famílias temos que continuar as investigações e controlar essas atividades financeiras”, referiu.

“Nós entendemos o indeferimento, já que foi no sentido de não prejudicar fornecedores e empregados de boa fé”, completou Barcellos.

Como funciona a lavagem de dinheiro?

O delegado Filipe Bringhenti, com vasta experiência em investigações em crimes de corrupção, explicou porque os grupos criminosos realizam este tipo de delito.

“Há suspeita de que essa célula criminosa, que não é dedicada somente a uma infração penal já que cometem diferentes delitos, há histórico de tráfico de drogas, principalmente pela figura do sogro do alvo que é envolvido com crimes patrimoniais que proporcionaram muito dinheiro com o tempo. A lavagem de dinheiro é uma movimentação para quem faturou o dinheiro ilícito produz para evitar que o Estado recupere esse dinheiro. A lavagem é feita para proteger este dinheiro faturado por meio do crime”.

A investigação continua em busca de identificar mais participantes das ilicitudes podendo desencadear mais fases da Operação. “Acredito que vamos abrir ainda mais o leque da investigação com os elementos que colhemos”, finalizou Barcellos.

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