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Pai, marido e trabalhador: conheça um pouco da história do barbeiro De Nardi

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CANELA – “Vocês conhecem o barbeiro?”. A famosa frase do barbeiro Adir José de Nardi está nas memórias da família, amigos e conhecidos de uma das figuras mais queridas da comunidade canelense. Seu de Nardi, faleceu na madrugada do dia 1º de junho, vítima de um infarto, aos 73 anos.

A reportagem do Jornal Integração visitou a casa da família, no bairro Eugênio Ferreira, para contar um pouco da história do Adir Barbeiro, como era conhecido carinhosamente. Mais de 30 dias após a partida do marido, pai, amigo e companheiro, a família lida com o luto fazendo a lembrança da pessoa que ele era, além de manter vivos os ensinamentos que ele deixou.

“Ele foi um marido excelente, pai maravilhoso, que sempre quis dar tudo do melhor para os filhos, incluindo estudo, conforto e exemplos bons. Sendo um barbeiro conseguiu muita coisa para nos deixar bem. Ele acordava cedo para trabalhar, mesmo sendo o dono do seu negócio. Era de honrar os horários, tinha que ser certo. Buscava sempre essa excelência para apresentar para os clientes e foi um lutador para adquirir as coisas”, explanou a viúva Diva Terezinha, que foi casada com De Nardi por 52 anos.

Trabalhador, honesto e querido pela clientela

Adir correu atrás de trabalho desde muito novo. Aos 13 anos, o adolescente saiu de casa para buscar emprego em Porto Alegre. Lá ele trabalhou na fábrica da Incoterm, indústria que fazia a produção de termômetros, por oito anos. Com 19 anos, começou o curso de corte de cabelo e barba no Senai, onde se formou. Aos 21, voltou para Canela para cuidar da mãe com a saúde debilitada e para trabalhar como barbeiro.

“Ele foi pra tentar algo melhor e ajudar a mãe. Ele sempre que sustentou-a e pagava tudo depois que o pai se foi. Ela morou com a gente antes de falecer por cinco anos. Sempre lutou por tudo”, disse Diva.

De Nardi abriu a própria barbearia, realizando o sonho, aos 24 anos. De acordo com a esposa, o trabalho era o xodó do marido que, durante períodos de férias, ficava inquieto e sentindo falta de trabalhar. “Eram todos os dias. Tirava sete dias de férias por ano. Saia um pouco, curtia uma praia, mas sempre estava angustiado, sentindo falta da barbearia”, contou.

Com o passar dos anos, seu Adir conquistou uma grande clientela por conta da maestria na profissão, mas, principalmente, por sua grande personalidade. A barbearia não era só um lugar para cuidar da estética, mas um atrativo social. De Nardi era muito bem quisto pelos seus clientes que aproveitavam para cortar o cabelo, fazer a barba, mas também compartilhar vivências, receber conselhos ou, simplesmente, conversar com os amigos.

Desde quando voltou para Canela, para seguir a profissão, até o momento do seu falecimento, trabalhou em diversos pontos da avenida Júlio de Castilhos, por mais de 50 anos.

“A comunidade fala muito bem dele. Muitas pessoas passavam ali para ler um jornal, conversar. Muitas vezes, não era para cortar o cabelo. Não era só um ambiente de trabalho, mas de descontração. Quando não tinham clientes dentro do salão, ele ficava pela porta, dava pirulitos para as crianças. Recebemos muitas mensagens de pais relatando que estão perdidos, pois não há um barbeiro que consiga “domar” as crianças para fazer o corte. É uma coisa gratificante que recebemos”, exemplificou o filho Adir José Júnior.

Júnior também relatou que o pai possuía algumas manias. Entre elas, conferir os cadeados da barbearia diversas vezes. “Todos que passavam pela frente o viam forçando a fechadura e conferindo se os cadeados estavam trancados. Ficava minutos ali e atraia muitas risadas”, contou.

A lembrança mais querida pelo filho, em relação ao pai, é o dia da formatura em Administração, pela Universidade de Caxias do Sul. “Foi um dia muito feliz por eu ver que ele estava orgulhoso. Foi gratificante demais. Ele estava sempre em cima para que eu fizesse as aulas. Ele sempre destacou que tínhamos que ser honestos, não faltar dias de trabalho ou se atrasar. Era muito brincalhão”, disse.

Uma das paixões de Seu de Nardi era a neta Rafaela, de três anos. A pequena é filha da irmã mais velha de Adir Júnior, Edileine. “A maior alegria dele, ter um neto ou uma neta. Com 69 anos fomos avós. Ela ainda chega aqui e arruma a mesa. Coloca as coisas do avô no lugar. Tivemos que explicar para ela onde está o vovô. A Rafaela está começando a atender”, descreveu.

A despedida de Adir José de Nardi ficou marcada por muita emoção e pela presença de diversos clientes, amigos e integrantes da família no velório. O colorado fanático faleceu na madrugada do dia 1º de junho. “Foi muita emoção para nós ver o que ele significa para a comunidade. Todos foram se despedir, clientes velhinhos e de bigode branco chegavam e choravam. Ele ultrapassou a profissão”, completou Diva.

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