GIAN WAGNER
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GRAMADO – Um caso envolvendo uma acusação de assédio sexual retrucada com uma acusação de racismo tomou conta das redes sociais. No final da tarde de quinta-feira (6), uma jovem de 20 anos diz ter sido vítima de assédio por parte de dois funcionários da empresa que recolhe o lixo em Gramado. Em nota, o advogado da mulher diz que sua cliente foi assediada por “homens em atitude machista direcionaram a jovem várias palavras – que aqui não merecem serem descritas, tamanho repúdio – isso tudo a luz do dia e na rua, na presença de várias pessoas que por ali transitavam naquele momento”.
O pai da jovem procurou a Prefeitura para tirar satisfação e a Prefeitura, por sua vez, procurou a empresa que demitiu ambos acusados de imediato por justa causa. Na manhã de sexta-feira (7), um dos acusados foi às redes sociais dar sua versão dos fatos. “Quem me conhece sabe que os gatos de um modo geral têm por costume de chamar as pessoas de ‘madrinha’, ‘padrinho’, ‘titia’, ‘tiusão’, ‘meu nego’, ‘minha linda’, entre outros. Ontem (quinta-feira) por volta das 17h20, como de costume estava trabalhando na rua da Aldeia do Papai Noel quando passou por mim uma moça. Eu como sempre, rindo olhei pra ela e disse: ‘boa tarde linda’, e continuei subindo até a Aldeia. Na hora da descida essa mesma moça, que eu nem sei o nome, me filmou ou tirou foto, não sei ao certo ainda. Quando eu encontrei meu colega de trabalho mais à frente, em um restaurante, ele me ajudou a puxar o lixo. Nisso essa moça desceu o morro tirou uma foto nossa e uma do caminhão. Continuamos nosso trabalho. Lá pelas 18h25 nosso chefe mandou nosso caminhão parar e nós nos recolher. Lá no depósito ele nos mostrou uns áudios dessa moça dizendo que a gente mexeu com ela do modo ofensivo, chamando-a de ‘gostosa’, ‘aí se eu te pego’, ‘oh lá em casa’, e por aí vai”, relata o gari.
ACUSAÇÃO DE RACISMO – Os áudios teriam sido mostrados aos acusados e demais funcionários. Ele diz que pediu acesso aos áudios na Prefeitura, mas não foram repassados, dizendo que fariam apenas se exigido por lei. Ele relatou ainda que a mulher, nos áudios, teria sido racista. “Nos áudios ela nos chamou de vermes, idiotas, negros fedidos e muito mais”, relata. “Por causa dessa moça hoje eu estou desempregado, pois fomos demitidos porque ela se vitimou. Em nem um momento faltei com respeito”, disse o acusado de assédio.
Através de advogado, a mulher nega as acusações de injúria racial. “Os agressores, em uma atitude descabida e através de uma estória fantasiosa, alegam que sofreram preconceito racial. Ora a jovem em momento algum desferiu palavras ofensivas aos agressores”, diz a nota do advogado.
A acusação do gari, por sua vez, fala que a jovem foi racista em áudio enviado por aplicativo de mensagens e não diretamente aos acusados de assédio. Na Delegacia de Polícia, o pai da jovem registrou um boletim de ocorrência contra os garis. Os acusados também falaram que iriam procurar seus direitos, pois acreditam na injustiça da justa causa aplicada pela empresa e também devem entrar com ação contra a jovem por injúria racial.