REGIÃO – Na tarde de terça-feira (4), a Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (FETAG-RS) reuniu sua diretoria, a comissão de política agrícola e a coordenação das 23 regionais sindicais para debater os problemas que estão sendo causados pela estiagem em todo o Estado. A situação está cada vez mais dramática em diversos pontos do RS, com perdas que chegam a até 80% em algumas culturas. Entre as mais afetadas estão o milho, a soja e a uva. A pecuária leiteira também está sofrendo graves prejuízos, pois já existem relatos de falta de água e de alimentos para os animais.
Segundo levantamento realizado pela Emater-RS-Ascar, até 30 de dezembro, foram contabilizadas 138,8 mil propriedades rurais atingidas pela estiagem, em 6.340 localidades do Estado. Mais de 5 mil famílias estão sem acesso à água.Levando em conta que a estiagem iniciou em dezembro, um em cada cinco dos municípios gaúchos está em situação de emergência por causa da falta de chuva. A Defesa Civil do RS divulgou a tabela das cidades, sendo que num total de 113 declarantes, apenas 17 encaminharam a documentação completa.
Mesmo com a chuva de quinta-feira prejuízos permanecem em Gramado
GRAMADO – A estiagem já afetou o município a ponto de decretar emergência.A redução das chuvas provocou danos e prejuízos aos agricultores, comprometendo também as reservas hídricas das famílias do interior. As perdas ultrapassam 50% da produção e prejuízos atingem R$ 4,5 milhões. Esta semana foi decisiva para a busca de soluções para diminuir os prejuízos causados, principalmente, para os agricultores. Em Gramado, o poder Executivo assinou o decreto no final da tarde de terça-feira (4).
O prefeito lamenta as perdas e já montou uma força-tarefa para garantir o abastecimento das propriedades através de caminhões-pipa. “Atualmente são três caminhões fornecendo água para as famílias, com o decreto pretendemos ampliar ainda mais o fornecimento. Estamos trabalhando meios legais e com curto espaço de tempo para auxiliar os agricultores. É triste demais ver nossos produtores escolhendo quais culturas serão salvas e quais terão a irrigação interrompida”, disse. Para o secretário interino de Agricultura, Rafael Ronsoni, “o interior está atravessando uma seca rigorosa, que está afetando drasticamente a agricultura familiar e causando grandes prejuízos para os produtores. Importantíssimo o apoio e auxílio de todos neste momento, pois a cada hora a situação se agrava. É a pior seca da história de Gramado”, afirma.
O escritório da Emater em Gramado produziu um relatório referente ao período de novembro e dezembro, com foco nos impactos causados pela estiagem nas atividades agrícolas e pecuárias no município. Atualmente, 500 famílias vivem no meio rural e dependem totalmente ou parcialmente da agropecuária. São mais de 3,6 mil pessoas. Das culturas locais, as mais afetadas foram as de grãos (milho e feijão), a fruticultura, a produção de hortaliças e a produção de leite e agroindústrias de origem vegetal.
CHUVAS – Na quarta-feira (5), com a ocorrência de chuva na região, os agricultores tiveram uma pequena luz para a recuperação das plantações. “As chuvas desta semana proporcionaram alívio para as plantas mais novas, principalmente o milho. Mas, a água nem mexeu”, falou o presidente do Sindicato Rural de Gramado, Elói Borket.
“As precipitações que ocorrem no município foram em média boas e satisfatórias e tivemos um acumulado que variou entre 50 e 100 milímetros. Ameniza os efeitos da estiagem e possibilita que alguns agricultores possam retomar o cultivo e fazer a irrigação como é o caso do morango. O plantio do milho ainda pode ser feito. Algumas culturas não conseguirão recuperar os prejuízos contabilizados até então”, avalia engenheiro agrícola do escritório da Emater de Gramado, Rogério Mazzardo.
De acordo com a Emater, Gramado possui histórico de precipitação entre 1.800 e 2.000 milímetros anuais, com boa distribuição entre as estações, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O período em questão, novembro e dezembro, em anos de precipitação normal, acumularia entre 300 e 333 milímetros. Nos últimos dois meses do ano, acumulou 167 milímetros, ou seja, a metade do volume esperado.
No estudo entregue à Prefeitura, a Emater aponta que a falta de chuva afeta principalmente as plantações de milho e feijão, a fruticultura, a produção de hortaliças e a produção de leite e as agroindústrias de origem vegetal. Na sua maioria, as famílias contabilizam perdas entre 30% e 50%. Com base nas informações coletadas pela Emater, Secretaria de Agricultura e Secretaria de Obras e Serviços Urbanos, os prejuízos contabilizados até 29 de dezembro somam R$ 4.251.760,00.
SOS – A Prefeitura de Gramado está disponibilizando contatos telefônicos para garantir agilizar o atendimento das famílias rurais, através da Secretaria de Agricultura (54) 3286-7658, do coordenador das Agroindústrias, Eliézer Nascimento de Lima (54) 9 9612-6688, Plantão da Emater (54) 9 9913-4881 e da Secretaria de Meio Ambiente, Carlos Brezolin (54) 9 9968-1287.
Texto: Lucas Brito