Texto: Leonardo Santos – r[email protected]
ESTADO – Participar de uma olimpíada e ser campeão do mundo é para poucos. Celso Scarpini, ex-atleta da Seleção Brasileira de Basquetebol, conseguiu as duas proezas e, 42 anos após encerrar a carreira, continua fomentando a prática esportiva por todos os estados brasileiros com o programa Bola na Cesta. Scarpini, 76 anos, procurou a reportagem do Jornal Integração para destacar a importância de realizar esportes por conta da pandemia e destacou o projeto como um modelo de evento que dá a oportunidade para que as pessoas insiram atividades esportivas em suas rotinas e mantenham o corpo saudável.
Natural de Porto Alegre e com fortes ligações com Canela, eleesteve no plantel que ficou em quarto lugar nas Olimpíadas de 1968 na Cidade do México e dividiu vestiários com grandes jogadores da época, como Rosa Branca, Wlamir Marques e Ubiratan e é, até hoje, o jogador mais jovem a ser convocado para representar o Brasil no basquete.
“A pandemia, além do terror que está sendo, beneficiou demais as atividades esportivas. Todos estão se conscientizando sobre a importância de realizar esportes. Tem que se proteger, o melhor remédio que pode ter para a população, desde a criança até os idosos, é o esporte. Eu comecei um projeto em 1992 que envolve todos. Ele começou em São Luiz do Maranhão e rodou o Brasil inteiro, reunindo mais de 300 mil pessoas. Cada evento tem seis mil pessoas. Por que essa multidão ia ao meu evento? As pessoas tem a necessidade de ter uma coisa boa, de ter uma oportunidade. Esse meu evento vai reforçar após a pandemia, vou ter mais argumentos. Algumas autoridades estão dizendo que meu evento cai como uma luva para o que está acontecendo”, salientou.
O Bola na Cesta ocorre, geralmente, no litoral brasileiro, regiões serranas e esporadicamente em datas e ocasiões festivas. O evento disponibiliza tabelas de basquete e diversas atividades para crianças, adultos e idosos, além de muitos prêmios e entrada franca. A última edição da festa aconteceu em Camboriú, em março de 2020. Segundo Scarpini, outras edições já estão sendo planejadas para acontecer após a liberação dos órgãos de saúde.
“Eu estou observando que é uma necessidade do público nesta área. Quando eu largo este evento, lota de pessoas e elas perguntam, ao final, quando eu vou voltar. Eu noto que existe uma carência, e hoje, com a pandemia, a pessoa que não pratica nenhum esporte e não mantém uma alimentação saudável, está à mercê. Fazer este evento é o maior prêmio que posso ter para ajudar as pessoas. Como atleta me sinto realizado, tenho todos os títulos que poderia sonhar e estou dando continuidade no esporte com o Bola na Cesta. Eu cultivo a mesma garra e empenho de quando jogava para fazer o evento. É a mesma sensação a de subir no palco e de entrar na quadra”, sublinhou.
Prêmio Mérito Olímpico
Scarpini também é o idealizador do Prêmio Mérito Olímpico, projeto que tem como objetivo lembrar os atletas gaúchos que participaram das Olimpíadas. O Projeto de Resolução mº29/2006, que foi proposto pela Mesa Diretora presidida pelo deputado Fernando Záchia (PMDB), foi aprovado por unanimidade na Assembleia Legislativa (AL).
“Eu sei das dificuldades, do objetivo que se quer alcançar. Eu já passei por isso. O esporte é uma faculdade? É. Tem que ter estudo? Sim. Ganha o diploma? Não. Um dia pensei comigo que nunca havia recebido uma lembrança, então decidi sugerir isto para valorizar os esportistas. Tem gente que sacrifica os estudos para se focar no esporte e as vezes volta de mãos vazias, isso não está certo. Tem que ser reconhecido, assim que entrou o projeto para reconhecer os atletas olímpicos e paraolímpicos. Teve um atleta que praticava remo, participou de três Olimpíadas e nunca havia recebido uma ligação do Estado, nunca recebeu um parabéns pela participação. Em uma oportunidade, ele foi contemplado, começou a chorar na AL e disse que estava emocionado porque, pela primeira vez na vida, estava sendo homenageado e poderia mostrar isso aos netos. Em outubro, formalizaremos na AL e premiaremos os que foram para Tóquio”, revelou.
A cada quatro anos, atletas recebem o título e, atualmente, mais de 270 já foram contemplados. O primeiro esportista gaúcho a participar de uma Olimpíada foi Sarou Moreira, em 1920, disputando tiro ao alvo em Antuérpia, na Bélgica. Ele foi premiado na primeira edição do Mérito Olímpico, em 2006, por meio da família, pois já havia falecido.
