GRAMADO – Precariedade, faltas de instrumentos e ensaios em uma biblioteca, assim começou a tradicional Orquestra de Violões fundada pelo músico Joe Cardoso em 2011, reunindo jovens artistas para fomentar a prática artística por meio de espetáculos musicais. Desenvolvida para todos os públicos, a orquestra, que completa dez anos nesta sexta-feira (18), tem um vasto repertório e se apresenta nos gêneros rock, samba, música sertaneja, bossa nova, música nativista, música caipira, música erudita, entre outros estilos em arranjos especialmente produzidos.
A reportagem do Jornal Integração conversou com o diretor da orquestra, Matheus Tomazelli, que contou a história da fundação do coletivo, como ingressou e assumiu o cargo, além de revelar o efeito da pandemia sob a orquestra e planejar novos caminhos.
Ele ingressou ao grupo em junho de 2014, após ser selecionado por meio do Programa de Artes, onde Joe (diretor e maestro) dava aulas. Tomazelli assumiu o cargo de diretor em janeiro deste ano, após a saída de Joe para o Poder Público. “A orquestra moldou tanto minha vida profissional quanto a vida acadêmica. Me formei em 2020 no curso de Licenciatura em Música da Universidade de Caxias do Sul e lá acabei me descobrindo cantor e percussionista, algo que devolvi para a orquestra, visto que atuo desde 2018 como percussionista e cantor, além de violonista”, destacou ele, que conta que o antigo diretor, continuo sendo o maestro voluntariamente.
Conforme ele, Joe fundou o coletivo após ministrar diversas aulas em programas sociais nas escolas e no programa de artes do município, objetivando montar uma orquestra baseada no perfil de cada aluno. A primeira apresentação aconteceu cerca de três meses após a fundação, no dia 11 de setembro, na Câmara de Vereadores.“No começo, as condições eram precárias, visto que a maioria dos integrantes eram crianças e adolescentes e o maestro também era jovem. Não possuíamos violões e nem figurinos para as apresentações. Porém, tivemos apoio do governo da época, juntamente com a iniciativa privada, para que conseguíssemos comprar os violões profissionais e os figurinos. Conseguimos também a oportunidade de realizar apresentações na Rua Coberta pelo Natal Luz e a partir daí fomos buscando e conquistando nosso espaço através do aprimoramento pessoal dos músicos e consequentemente o aprimoramento do grupo”, revelou.
Perguntado sobre qual foi o auge da Orquestra, Tomazelli destacou as apresentações no espetáculo “O Rio Grande Canta o Brasil” e um concerto com o violonista Yamandu Costa, mas expressou que todas as performances são importantes. “Acho que não temos um “auge” definido. Realizamos grandes concertos durante esses 10 anos, como, por exemplo, as duas edições do espetáculo “O Rio Grande Canta o Brasil”, em 2015 e 2016, um concerto com o violonista Yamandu Costa, concertos em cidades como Santa Cruz do Sul e Porto Alegre, entre outros. Mas, buscamos sempre encarar todas as apresentações como se estivéssemos no auge”, declarou.
Atualmente, 12 músicos formam a orquestra e os ensaios são realizados na Brizoleta, no Centro Municipal de Cultura e, esporadicamente, no Expogramado quando realizados concertos junto a Orquestra Sinfônica ou há a preparação para o espetáculo “O Rio Grande Canta o Brasil”.
“Voltaremos 100%”
Para Tomazelli, a pandemia da Covid-19, que cancelou e não possibilitou a realização de novos espetáculos, não causou regressão ao grupo. Ele destacou a amizade entre os integrantes e projetou a volta as apresentações. “Acredito que regredir não seja a palavra, mas como não é e não foi possível reunir tanto público como músicos, acabamos ficando sem ensaios e concertos durante o decorrer da pandemia. Porém a relação de companheirismo que temos uns pelos outros dentro da orquestra não regrediu em nada e, no momento em que as coisas melhorarem, voltaremos 100% à ativa.Quero continuar o trabalho que já estávamos fazendo no município, nos apresentando nos principais eventos da cidade. Mas, como gostamos sempre de pensar fora da caixa, vamos correr atrás também de apresentações fora da cidade, fora do estado e quiçá até fora do Brasil”, programou.
Texto: Leonardo Santos – [email protected]