CANELA – Tragédia, sofrimento e espera. Uma família canelense ficou desabrigada após uma forte chuva causar alagamento e danificar um terreno no bairro Bom Jesus. O desastre ocorreu em dezembro de 2018, mas a família Pacheco/Perotto ainda sofre com a perda de suas casas, pelas promessas ainda não cumpridas e pelas situações precárias de moradia.
Nesta semana uma integrante da família, Débora Pacheco, procurou a reportagem do Jornal Integração e esclareceu a situação em que vive a família. Conforme ela, a família residia na rua Patrício Zini Sobrinho há mais de 10 anos. Ela, o pai, a mãe, duas irmãs, o marido e o sobrinho moravam na parte da frente do terreno, em uma casa com quatro quartos. Já o irmão morava com a esposa e a filha em uma casa menor, nos fundos. A família acredita que o que causou os estragos foi o excesso de chuvas que fez transbordar um arroio que fica a poucos metros da residência. Débora conta que, na época, o Corpo de Bombeiros efetuou o socorro da família e a Defesa Civil interditou o terreno e as duas casas, alegando que um possível desmoronamento poderia ocorrer. A água invadiu todos os cômodos das casas, destruindo móveis e eletrodomésticos, além de muitas roupas que também foram perdidas.
Sem ter onde morar, os familiares pediram ajuda à Prefeitura que, segundo Débora, prometeu resolução em um prazo de seis meses até fazer reparações no local, com o intuito de evitar outras adversidades. O Poder Público disponibilizou uma moradia temporária por meio do aluguel social, enquanto fazia os reparos.
Enfrentando o desemprego causado pela pandemia da Covid-19, após mais de dois anos de espera, a família ainda divide, entre nove pessoas, uma pequena casa de dois quartos no bairro São Luiz, disponibilizada pela Assistência Social. Antes de ser atendida com o aluguel social, a família residiu por cerca de nove meses na casa da avó.
O irmão, que também perdeu a casa na tragédia, ganhou um terreno do avô para construir uma moradia para ele, a esposa e a filha. “A nossa vida era melhor, todos trabalhavam, tínhamos nossa casa. Vivíamos bem, não precisávamos da Prefeitura. Hoje, nossa condição é bem complicada. Moramos em nove, apertados. Minha irmã está grávida de gêmeos e dorme junto com os meus pais. Ficamos tristes com o descaso. Estão sempre mentindo para nós, falam que vão arrumar uma casa maior, arrumar outro terreno. Ligamos para eles e, quando percebem que somos nós, nem atendem ao telefone. De vez em quando, eles nos dão um sacolão (cesta básica), vem até comida aberta e acham que estão fazendo demais”, relata Débora.
Atualmente, dos residentes, somente Felipe (marido de Débora) e Jair (pai) estão trabalhando e sustentam a casa. Felipe é ferreiro e trabalha em Gramado, enquanto Jair faz alguns bicos recolhendo e vendendo pinhões. Débora perdeu o emprego em abril do ano passado e continua desempregada desde então. “Não queremos o que não é nosso, só queremos poder viver e seguir nossas vidas. Eles não estão fazendo um favor para nós. Estamos em uma ruim há tempos”, acrescentou ela.
O que diz a Prefeitura
Por meio do departamento de comunicação, a Prefeitura enfatizou que em nenhum momento a família ficou desamparada e destacou que a Assistência Social está procurando uma casa maior para melhorar as condições de vida dos atingidos. Também foi informado que a Secretaria prepara uma proposta de permuta com o objetivo de trocar o terreno da família, no bairro Bom Jesus, por outro lote que pertence a Prefeitura, situado no bairro São Lucas.
Texto: Leonardo Santos – [email protected]