No futebol foi uma goleada. No linguajar sulista foi um baile. Pros gaúchos um sarandeio. Defina como quiser, o fato é que a vitória do MDB sobre o PDT nas eleições deste ano foi histórica. Uma diferença de 13.156 votos em 22.094 votos é marcante.
Para a Câmara, Marcelo Savi e Alberi Dias fizeram mais de mil votos pela primeira vez na história. Savi é o mais votado com sonoros 1.348 votos.
Quatro partidos compõem o Poder Legislativo: MDB, PDT, PSDB e Republicanos, os mesmos partidos que encerram essa legislatura. Aliás, o Republicanos foi criado em Canela no início deste ano e o Marcelo Tiririca migrou pra lá. Esta é a primeira eleição da qual o partido participa e de primeira já botou uma vereadora. O próprio Tiririca, que tirou a Emília do MDB também em março, não conseguiu votação para permanecer legislando. Já a Emília, que ficou de suplente na última, entra como titular na próxima.
Constantino novamente terá ampla maioria na Câmara para aprovar seus projetos, são oito vereadores da base aliada, PSDB e Republicanos são aliados. Na oposição efetivamente estará apenas o PDT e especialmente nas figuras de Jerônimo Rolim e Vellinho Pinto.
Carlinha Reis, Jeffi do Transporte, Alfredo Schäffer e Vellinho Pinto são as caras novas do parlamento, os demais já conhecem bem os meandros da Casa. Enfim, uma eleição de baixo custo e com poucas novidades.
Eleição do PDT
A coluna compreende que o resultado da eleição não foi surpresa nem para MDB, nem para PDT. Tanto que ambos os partidos gastaram muito pouco na campanha (até o dia 11 de novembro o MDB havia declarado R$ 17 mil de despesas e o PDT R$ 33,7 mil).
O que de fato surpreendeu a todos foi a diferença esmagadora de 13.156 votos. Nem o militante mais otimista, nem o pessimista, imaginavam tamanha vantagem.
Independente de tudo, é pertinente estender mão à palmatória para o Tolão, por ter se disponibilizado a concorrer a prefeito. Ele sabia que a luta seria árdua e enfrentou de cabeça erguida. Tolão, a democracia te agradece, pois teria sido bem triste uma candidatura única.
Agora é momento de lamber as feridas e seguir. O planejamento para 2024 começa em breve. Pode ser o próprio Tolão, como pode ser o ex-prefeito Vellinho, que se elegeu vereador e será atuante na legislatura. É certo que o PDT já mira 2024.
Progressistas em queda
No cenário eleitoral canelense chama a atenção a decadência do partido Progressistas. A opção de não disputar a Prefeitura ajudou a encolher a votação na Proporcional. Desde 2004 a legenda vem disputando as eleições em alto nível, chegando a eleger seu prefeito em 2004 e 2012. Em 2012, inclusive, os candidatos ao parlamento contabilizaram 6.854 votos e três representantes foram eleitos.
Em 2016, já um pouco fragilizado pela opinião pública por conta da gestão 2012/2016, ficou em segundo no pleito alcançando 28,56% dos votos. Para a Câmara de Vereadores, o partido colocou dois vereadores e sua nominata somou 4.635 votos.
2020 foi trágico para o PP, em março os dois vereadores que havia elegido foram embora: Jonas Bernardo migrou para o PDT e Carmem Seibt foi para o PSDB. Os Progressistas sentiram essas mudanças. E para a eleição não conseguiu preencher a nominata de 17 candidatos para o Legislativo e isso custou caro. Os 10 progressistas que se dispuseram a concorrer somaram apenas 1.350 votos.
Em número de filiados, o PP segue entre os grandes com 1.151 fichas assinadas, o segundo maior em Canela. De qualquer modo, é hora de se reinventar e ir em busca do espaço de protagonismo.
Mulheres ocupando mais espaço
Três mulheres foram eleitas para a Câmara de Vereadores. Carmem Seibt (PSDB), Carla Reis (MDB) e Emília Fulcher (Republicanos) estão escrevendo seus nomes na história da política canelense. Ver a bancada feminina crescendo no Poder Legislativo é uma boa notícia. É uma evolução na busca por espaço ali onde se decide o futuro de uma cidade.
Observe que na legislatura passada havia apenas uma mulher no parlamento, a Marlene Bohrer (PP). Nesta duas legislaram, a Carmem, que era titular, e a Emília que era suplente e assumiu a cadeira do Luciano até março deste ano. Na próxima serão três.
Claro, é pertinente ressaltar que esse trio pode nem permanecer legislando junto, pois existe uma especulação nos bastidores da política que ventila o nome de Carmem com possibilidades de assumir uma Secretaria no governo Constantino. Inclusive, ainda no campo das especulações, há quem diga que poderia ser a Assistência Social onde o Osmar Bonetto desempenha um belo trabalho.
Mudança de partido
O detalhe em comum entre as três vereadoras eleitas é que todas disputaram a eleição passada por outros partidos. A Carmem se elegeu em 2016 pelo PP com 804 votos, em março deste ano assinou com o PSDB e quase ficou de fora da próxima legislatura, fez 470 votos e só conseguiu entrar graças a média/sobras do partido que botou um segundo representante na Câmara.
Emília Fulcher concorreu na eleição passada pelo MDB e fez 535 votos, ficando como suplente. Neste ano ela migrou para o Republicanos e conseguiu aumentar sua votação para 576 sendo a mais votada do partido e garantindo sua cadeira.
Para Carla Reis a troca de partido a ajudou a atingir seu objetivo. Em 2016, ela concorreu pelo PDT e fez 433 votos. Desta vez, pelo MDB, somou 571 e entrou direto, sendo a 4ª mais votada do partido.
Suplentes na Câmara
Se a vereadora Carmem for chamada para assumir uma Secretaria e se de fato ela aceitar, sua cadeira na Câmara será ocupada por Felipe Caputo, que ficou como primeiro suplente do PSDB. Outro que não alcançou votação para se eleger é Leandro Gralha (MDB), mas ele deverá permanecer no Legislativo. Ele é o primeiro suplente do partido e o titular Luciano Melo tem chances de novamente compor o primeiro escalão do Executivo como secretário. E se por ventura mais algum eleito do MDB for chamado para o governo, o segundo suplente é o Pachequinho e o terceiro é o Mário do Ipê.
Pacificação política
Este ideal colocado em prática pelo prefeito Constantino Orsolin há quatro anos deve permanecer. Isso significa que a gestão, sob sua batuta, deve ser pluripartidária. O PDT teve sua participação na atual gestão liderando a Secretaria de Educação – aliás, mesmo com candidatura adversária ao MDB na eleição, o PDT permaneceu a frente da Secretaria de Educação – e agora volta à tona uma possibilidade de aproximação com o Progressistas. Uma fonte da coluna comentou que as portas estão abertas.
E não é só isso, tu já pensou na possibilidade de o PP liderar uma Secretaria na gestão do Constantino? O PDT foi convidado a compor o governo após uma eleição, porque o PP não poderia ser convidado também? Esta coluna já ouviu até o nome de Marilei Mota para secretária de Educação. Que tal?
Calma, gente, calma. São apenas especulações. Da parte do prefeito, o que ele próprio disse essa semana é que agora o foco é que sua equipe atual se concentre em fechar as contas de governo para não ficar nada pendente para o ano que vem.
Quociente eleitoral
Semana passada dediquei espaço nessa coluna para explicar os cálculos para preenchimento das vagas na Câmara de Vereadores. Pois bem, o tal do quociente eleitoral ficou em 1.966 e quatro partidos alcançaram índice e preencheram oito cadeiras de forma direta, pelo quociente partidário, as demais três vagas foram preenchidas pelo cálculo das sobras. O MDB elegeu quatro e botou mais um pela média/sobra (Luciano Melo), o PDT botou dois com o quociente e mais um pela sobra (Jerônimo Terra Rolim) e o PSDB fez um de forma direta e um com a sobra (Carmem Seibt).
E foi por causa desse tal de quociente partidário que Jerônimo e Carmem, que fizeram menos votos que Leandro Gralha, Pachequinho e Mário do Ipê, conseguiram entrar.