CANELA/GRAMADO – O Jornal Integração inicia nesta semana uma séria de entrevistas com os candidatos a prefeito de Canela e Gramado. Na eleição deste ano os canelenses irão às urnas para escolher entre o atual mandatário municipal, Constantino Orsolin (MDB), e o ex-secretário de Educação, Gilberto Tegner, o Tolão (PDT). Os gramadenses têm quatro opções de escolha: o ex-prefeito Nestor Tissot (PP), o atual vice-prefeito Evandro Moschem (MDB), o empresário Beto Tomasini (PSDB), e Elias Vidal Sobrinho (PTC).
Para auxiliar o eleitorado em uma decisão consciente, a redação do JI listou uma série de dúvidas e questionamentos que irão mostrar o que cada um destes prefeituráveis pensam para o futuro de sua cidade, o que pretendem fazer, e como pretendem fazer.
Faltam sete semanas para a eleição e a cada edição vamos abordar temas que são pilares de governo para as nossas comunidades. Na edição de hoje, a abordagem é sobre Turismo e Desenvolvimento Econômico. Confira ali no topo da página o banner com a programação de datas e assuntos que serão tratados.
Cada um dos candidatos terá uma página inteira por semana para expor seus projetos e planos de governo com foco nos temas propostos pela reportagem do JI. Para não favorecer um e desfavorecer o outro, todos responderão aos mesmos questionamentos.
CANELA – O ex-secretário de Educação Gilberto Tegner, o Tolão (PDT) está novamente disposto a assumir a Prefeitura para colocar em prática os projetos e planos de seu partido. O seu vice é o ex-servidor público Josemar Pereira da Silva, também do PDT. A coligação chama-se ‘Canela Pode Mais’ e tem apoio do PL e do PCdoB. Tolão respondeu aos questionamentos do Jornal Integração sobre Turismo e Desenvolvimento Econômico. Veja o que ele pretende fazer nessa área.
Com relação ao turismo de eventos, Canela não tem estrutura física para atrair congressos, convenções e feiras de grande porte. Qual o planejamento para mudar essa realidade?
Debatendo com o Convention, ACIC, hotelaria, captadores e promotores de eventos, vamos elaborar uma proposta viável para uma parceria público-privada utilizando a área do atual Centro de Feiras.
Quais os planos para o Parque do Caracol? O candidato tentará municipalizar o Parque?
Canela tem a obrigação de cuidar melhor do Caracol. Vamos priorizar os investimentos de recuperação, manutenção e melhorias das estruturas e equipamentos turísticos reinvestindo no mínimo 40% do valor arrecadado. A negociação com o Estado tem que buscar a municipalização sim, mas caso não se consiga, devemos negociar um maior tempo de contrato, no mínimo uns 20 anos por exemplo, pois assim teremos como realizar concessões para a iniciativa privada implantar novas atrações e serviços com maior prazo para recuperarem o investimento, como foi feito com o Observatório Ecológico em nossa última gestão.
O que se propõe com relação ao turismo de natureza e aventura? Qual a intenção e como colocá-los em prática?
O turismo de natureza, incluindo o turismo de aventura, ecoturismo, contemplação, educação ambiental, observação de aves, entre outros segmentos, deve ser trabalhado e desenvolvido em parceria com a iniciativa privada e a comunidade como o grande diferencial turístico de Canela. Mas não pode ser apenas usar o slogan ‘Paixão Natural’, e sim resgatar o conceito de Ecocidade. As políticas públicas devem se voltar para a sustentabilidade. Como vamos falar em turismo de natureza se não tratamos nosso esgoto?
No passado, a cidade já ganhou repercussão internacional com a realização de eventos com a marca CANELA em sua essência, como Festival de Bonecos, Festival da Música, entre outros. O que se propõe para recolocar Canela de volta nessa rota turística?
Sem nenhuma dúvida resgatar e revitalizar o Festival Internacional de Bonecos, a Semana Santa de Canela, o Festival de Teatro, a Feira do Livro Josué Guimarães e a Festa Colonial como evento maior e não como adendo de outros. No final dos anos 90 e início dos 2000 esses eventos eram tão importantes turística e economicamente para Canela como o Sonho de Natal, pois ajudavam a diminuir os efeitos da sazonalidade ao longo do ano. Para isso vamos estabelecer e fortalecer as parcerias com a Fundação Cultural de Canela, o Estúdio Lisi Berti, a Academia Neusa Martinotto, a D’Arte Multiarte, o Nelson Hass e a Bete Bado, entre tantos outros profissionais renomados da área, valorizando, envolvendo, renovando e inserindo as atividades culturais e artísticas na oferta turística do município.
Qual a sua visão sobre aluguel de temporada?
É uma tendência mundial que está se consolidando a cada dia. Precisamos acompanhar e atualizar a legislação para buscar a igualdade de oportunidades e a isonomia em relação à hotelaria.
O candidato tem proposta para investir ou incentivar o agroturismo?
Precisamos incentivar e apoiar os produtores rurais a desenvolverem a agroecologia, os orgânicos, criarem atrativos e empreendimentos turísticos. Também devemos trabalhar na roteirização, capacitação, divulgação e parcerias para comercialização dos produtos e serviços.
Como valorizar e envolver o nicho de artesanato no cenário turístico?
Vamos resgatar a Casa do Artesão no centro, além de manter e fortalecer a parceria dentro do Parque do Caracol. Também vamos defender o espaço junto ao complexo da Casa de Pedra e buscar parcerias com o Sebrae e a UCS para a qualificação destes artistas, como já foi feito no passado, inserindo o artesanato dentro do conceito de sustentabilidade.
E os acessos aos Morros Dedão e Pelado para explorar o potencial turísticos destes locais?
Como estas áreas são privadas e muito valorizadas, e obviamente a Prefeitura não dispõe de recursos para desapropriações deste porte, o caminho é o diálogo para a construção de um projeto em parceria entre o poder público e a iniciativa privada. Sem dúvida são locais de grande atratividade, mas temos que ser responsáveis para não iludir a comunidade com falsas expectativas.
Qual o posicionamento do candidato com relação aos aeroportos das Hortênsias em Canela e de Vila Oliva em Caxias do Sul?
São grandes equipamentos que com certeza agregam para qualificar a oferta turística da Região das Hortênsias e da Serra Gaúcha. Vamos dar continuidade dentro das possibilidades e com responsabilidade, apoiando as ações políticas e empresariais, sempre respeitando as questões ambientais, mas deixo claro que sou favorável ao nosso aeroporto e Canela tem que se apropriar desta ideia.
E o projeto da Rota Panorâmica, que visa a ligação asfáltica de Canela com Três Coroas e que inclusive existe uma linha de financiamento na ordem de R$ 12 milhões para esta obra, o candidato vai levar o projeto adiante?
Este projeto também é de continuidade. Com certeza seguir o que já está projetado e continuar buscando recursos para complementar esta estrada e outras também. Além da questão estrutural também vamos trabalhar na roteirização turística e no turismo em meio rural, possibilitando aos produtores e empreendedores que comercializem seus produtos e serviços, gerando empregos, renda e impostos.
O que o candidato almeja com a área do Parque do Palácio que está sob responsabilidade do Município?
A primeira ação será uma grande limpeza e manutenção para reabrir o espaço urgentemente e em boas condições de segurança e conforto. Outra atitude fundamental é regularizar a questão legal junto ao Estado, buscando a doação definitiva com a finalidade de manter a área como parque natural e turístico. Em paralelo, buscaremos a parceria com a comunidade e iniciativa privada para concessões de serviços e equipamentos que qualifiquem e agreguem ao parque o uso sustentável, inclusive com geração de receita própria para sua manutenção e investimentos. Também sinalizo com bons olhos a possibilidade de instalar ali uma Secretaria de Turismo com a estrutura e o cuidado que esta pasta merece em Canela.
Mais recentemente iniciou-se a intenção de formalizar uma parceria público-privada para revitalização e exploração de espaços como a Casa de Pedra e o Teatrão. Qual seu pensamento a respeito e qual atitude tomará com estes e outros espaços semelhantes?
Estes processos estão em andamento e o PDT contribui de forma essencial na elaboração destas propostas através de sua bancada de vereadores. Caso não tenhamos até o início de 2021 as concessões públicas sacramentadas, vamos aprimorar os editais e dar andamento urgentemente. Caso já tenhamos os concessionários definidos, vamos trabalhar fortemente em conjunto para que estes espaços voltem a ter a importância que já tiveram nos nossos governos.
Qual o planejamento para diversificar a matriz econômica de Canela gerando empregos e renda em setores que não estão ligados ao turismo?
Seguindo o conceito de Ecocidade, sem dúvida precisamos apoiar o desenvolvimento de empresas da chamada ‘indústria limpa’. As áreas de tecnologia, energia renovável, agroecologia são bons exemplos. Vamos seguir cumprindo a legislação na concessão de incentivos fiscais, mas também vamos estimular que as pequenas e médias empresas busquem esses incentivos em benefícios como o IPTU Ecológico.
Existe algo voltado ao setor de tecnologia e inovação?
Vamos retomar o programa Canela Tecnópole, que infelizmente não teve a continuidade política que deveria. Tanto o projeto como a legislação da época serão atualizados e integrados aos programas e leis atuais. Política pública se faz com continuidade administrativa. Essa área será prioridade dentro do Desenvolvimento Econômico.
E para o empreendedorismo individual, bem como as micro e pequenas empresas, tanto na criação como na expansão desses empreendedores?
Além dos incentivos fiscais, nas capacitações em diversas áreas em conjunto com o Sistema ‘S’, universidades, entidades empresariais e instituições, vamos trabalhar no fortalecimento do consumo de produtos, bens e serviços produzidos e comercializados pelos canelenses.
Parque industrial. Qual a proposta para ampliar, qualificar e desenvolver esta área para refletir em arrecadação?
O Distrito Industrial atual precisa de incentivos e melhorias para que todo seu potencial seja explorado ao máximo. Precisamos disponibilizar um sinal excelente de internet e a construção de acessos mais seguros na rodovia. Temos o desafio de regularizar algumas áreas do local e ainda buscar novas empresas, sejam existentes no município que precisam de mais espaço ou mesmo que ainda se encontram em áreas do centro da cidade.