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Farmácias serão locais de denúncia da violência contra a mulher

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Ação faz parte da Campanha Máscara Roxa com o aval da ONU, lançada nesta semana na região

Tiago Manique

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REGIÃO – A comunidade regional, além das Delegacias, ganhou mais locais para denunciar violência contra as mulheres. São as farmácias. A campanha Máscara Roxa foi lançada nesta terça-feira (25), para 36 cidades de abrangência das associações dos municípios dos Campos de Cima da Serra (Amucser), Turismo da Serra (Amserra) e Nordeste Riograndense (Amunor), no Rio Grande do Sul.

A atividade realizada por videoconferência foi promovida pelo Comitê Gaúcho ElesPorElas, da Organização das Nações Unidas (ONU) Mulheres encerrando os roteiros de lançamentos virtuais da campanha, que desde julho percorreram as 27 regiões do estado, contemplando os 497 municípios.

O deputado estadual Edegar Pretto (PT) coordenador do Comitê, destacou que o objetivo da iniciativa é mobilizar os poderes locais e a sociedade civil para ampliar o número de farmácias participantes. “Queremos que mais farmácias abram suas portas para a igualdade e para o combate à violência contra as mulheres”, disse.

O coordenador explicou que a campanha Máscara Roxa surgiu de uma recomendação da ONU, que orientou os países a promover políticas de enfrentamento à violência doméstica contra a mulher, devido ao aumento e à subnotificação dos casos, em todo o mundo, no período de isolamento social. “A convivência maior do agressor com a vítima em casa potencializou essa violência, que muitas vezes antes da pandemia já era corriqueira”, destacou.

No Rio Grande do Sul, o Comitê ElesPorElas optou pelo envolvimento das farmácias como canais facilitadores da denúncia, porque elas permanecem abertas mesmo em situações de lockdown por serem serviços essenciais. Pretto ressaltou que, se a vítima tiver alguma dificuldade de ir até uma farmácia participante da campanha, as denúncias podem ser feitas por familiares, vizinhos ou amigos. Até o momento, 23 casos foram denunciados em farmácias de 20 municípios gaúchos e duas prisões ocorreram em flagrante, em Porto Alegre e Rio Grande.

Até ontem, havia mais de 1.400 unidades de seis redes envolvidas: Associadas, Agafarma, Vida, Preço Mais Popular, Tchê Farmácias e Líder Farma. Gramado e Canela possuem cinco pontos para denúncias (ver lista completa abaixo).

Farmácias na região

Uma das farmácias que aderiram à ação foi a Vida, localizada no bairro Várzea Grande, em Gramado. Proprietária e farmacêutica do estabelecimento, Fabiane Coronetti de Souza, citou o envolvimento do estabelecimento e dos colaboradores na campanha.

“A Vida Farmácias de Gramado faz parte desta campanha e embora ainda não tenhamos recebido nenhum pedido de ajuda até o momento, estamos atentos para prestar o melhor auxílio possível. Acredito que é muito importante o envolvimento de um estabelecimento do bairro justamente para não chamar a atenção do agressor”, relatou.

Fabiane mencionou que pelo período da pandemia, muitas mulheres ficam por mais tempo em casa com o agressor e que esta campanha é bastante acolhedora. “A violência contra mulher aumentou neste período de isolamento social, então toda ajuda e acolhimento desta vítima é muito importante”, disse.

Em Canela, uma das unidades envolvidas é a Farmácia Líder, integrante das Farmácias Associadas. Segundo a sócia administradora, Maria Cecília Kehl Graziola, a proposta de aderir a campanha chegou por intermédio da rede, onde as primeiras informações de como iria funcionar o projeto foram repassadas.

Maria Cecília citou ainda da importância, não somente para a segurança das mulheres, mas o bem social e o facilitador que o ambiente da farmácia pode proporcionar ao efetivar a denúncia. “É super importante, pois a farmácia é um local onde as mulheres se sentem acolhidas, e podem vir a qualquer momento sem serem coagidas ou se sentirem intimidadas”, orientou.

Uma das preocupações relatada pela administradora foi em manter a discrição durante um atendimento de alguém relatando a denúncia. “Conversamos com a equipe da farmácia conscientizando sobre a importância do projeto e também em atender a cliente que solicitar a ‘máscara roxa’ com a maior discrição possível, evitando possíveis constrangimentos e agilizando ao máximo o processo”, comentou.

Aumento nos casos e a campanha

A campanha Máscara Roxa também foi motivada pelo aumento de casos de feminicídios no Rio Grande do Sul durante o isolamento social. Nos meses de março, abril e maio, 28 mulheres foram assassinadas por questões de gênero, conforme dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Somente em abril, o aumento foi de 66,7% em relação ao mesmo mês do ano passado. Ao todo, de janeiro a junho deste ano, 51 mulheres morreram vítimas de feminicídios no estado, 166 registraram ocorrência de tentativa do crime e 9.685 casos de agressão com lesão corporal.

As farmácias participantes da campanha estão com o selo “Farmácia Amiga das Mulheres”, que serve para que as vítimas as identifiquem. Os atendentes receberam capacitação online para o procedimento e para garantir a segurança da vítima.

COMO FAZER – Ao chegar na farmácia a mulher deve pedir a máscara roxa, que é o código para que o atendente saiba que se trata de um pedido de ajuda. O profissional dirá que o produto está em falta e pegará alguns dados para avisá-la quando chegar. Após, o atendente da farmácia passará à Polícia Civil (PC) as informações coletadas, via WhatsApp, para que o órgão tome as medidas necessárias.

Um dos objetivos da campanha é seguir envolvendo também aqueles estabelecimentos que não fazem parte de grandes redes, mas que estão em cidades menores. Interessados devem entrar em contato com o Comitê: (51) 99199.3641 ou [email protected].

Farmácias participantes

Canela: Associadas e Tchê Farmácias

Gramado: Associadas, Vida e Agafarma

Nova Petrópolis: Associadas e Vida

Santa Maria do Herval: Associadas e Vida

São Francisco de Paula: Associadas, Tchê Farmácias e Agafarma

Cambará do Sul: Associadas

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