Mesmo com elevação de 4,2% de maio para junho, a segunda consecutiva após os 10,2% registrados entre abril e maio, o Índice de Desempenho Industrial (IDI-RS) permanece em nível muito baixo, segundo divulgado nessa segunda-feira (3) pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS). Para voltar ao patamar de fevereiro haveria a necessidade de uma expansão de 13,7%.
O resultado do sexto mês do ano apenas evitou um tombo maior na atividade no primeiro semestre de 2020, cuja queda acumulada chegou a 10,8% na comparação a igual período de 2019. “Ainda estamos distantes de reverter as perdas recordes dos meses de março e abril. Eram esperadas medidas que flexibilizassem o isolamento social e econômico e acelerassem a retomada nas atividades, mas elas foram tímidas”, afirma o presidente da entidade, Gilberto Porcello Petry.
Com exceção da utilização da capacidade instalada (UCI), que ficou estável em 74,4%, os demais componentes exibiram o mesmo comportamento de crescimento em junho, mas nenhum voltou ao nível anterior à pandemia. O IDI-RS no mês foi puxado por faturamento real, alta de 13,6%, e compras industriais, 9,8%. Também avançaram na passagem mensal, com ajuste sazonal, as horas trabalhadas na produção, 5,9%; massa salarial, 1%; e o emprego, 0,3%. O emprego voltou a crescer após três meses de queda. “A crise econômica é sem precedentes e seus reflexos mantêm a atividade industrial gaúcha baixa. A demanda interna, com consumo e investimentos, e as exportações industriais, ainda que tenham mostrado alguma melhora, também continuam bem abaixo dos patamares de antes da crise”, observa.
No primeiro semestre de 2020, todos os componentes do IDI-RS registraram quedas expressivas frente a igual período do ano passado. A de maior impacto foi nas compras industriais, 19,1%, seguido por faturamento real, 12,9%; horas trabalhadas na produção, 11,8%; UCI, 6,3 pontos percentuais; massa salarial, 8,6%; e emprego, 2,7%.
Os seis primeiros meses de 2020 terminaram com recuos intensos e generalizados em 14 dos 17 setores pesquisados. As principais influências negativas vieram de veículos automotores, com baixa de 20,8%, e máquinas e equipamentos, e couros e calçados, com 12,3% e 20,9%, respectivamente. Em sentido oposto, mais uma vez, o destaque positivo esteve com o setor de alimentos, com aumento de 3,5%.
Diante do cenário atual, Petry tem expectativa de recuperação para o segundo semestre, acompanhando a reabertura gradual das atividades e o aumento da confiança empresarial. Mas adianta que o ritmo será lento, influenciado pelo desemprego elevado e, especialmente, pela incerteza quanto à evolução da pandemia no país e no mundo. Em relação ao mesmo mês do ano anterior, o IDI-RS caiu 10,4% em junho, a nona queda consecutiva nessa métrica. A situação não foi pior, pois junho teve último teve dois dias úteis a mais.