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“Breno era um bom aluno, gentil e um ótimo amigo para os colegas”

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CANELA – Em um trágico evento que chocou a comunidade local, Breno Rosa de Oliveira, um menino de 10 anos estudante do quarto ano da Escola Dante Bertoluci, faleceu na sexta-feira (16) devido a uma meningite bacteriana causada pela bactéria Streptococcus pyogenes. O caso gerou grande comoção e levantou questões sobre o diagnóstico e tratamento da doença rara e letal.


Evolução rápida da doença
Segundo Magali Cavinato, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Canela, a história começou na quarta-feira (14), quando Breno apresentou dor de cabeça e febre leve na escola. Conforme repassado por Magali, a mãe da criança levou-o para casa, onde foi medicado. Na quinta-feira (15), a situação piorou com vômitos, febre leve e dor de cabeça persistente. Breno foi levado ao hospital, onde foi medicado e internado naquela noite.
Na madrugada do dia 16, a condição de Breno se deteriorou rapidamente. Ele apresentou dor de cabeça intensa, febre alta e paralisia no lado esquerdo do corpo, embora continuasse consciente e verbalizando.
“Neste momento, ele foi internado, daí já se pensou em muitas outras coisas. Então, foi feito exames de sangue, uma tomografia, coleta de líquor, então, a partir disso, já tinha outros sintomas, mas a família não deixou de cuidar”, indicou Magali.
Apesar dos esforços médicos e acompanhamento por dois pediatras na sexta-feira (16), a criança faleceu devido à rápida progressão da doença. Ele chegou a ser encaminhado para Caxias do Sul, mas acabou não resistindo e falecendo no Hospital Geral de Caxias do Sul, ainda na sexta (16).
O Streptococcus pyogenes, causador da meningite em questão, é uma bactéria que pode se desenvolver a partir de infecções de garganta ou otites, mas Breno não apresentava histórico recente de tais condições. “A forma de contrair essa meningite, ou ela é de um motite ou de uma faringite. Esse menino não teve nada disso no último ano. Ele era saudável. As outras formas que estão descritas na literatura seria leite cru, mariscos, os gelados, que daí é aquilo. Picolé, sorvete e etc. Então, não tem como a gente dizer, foi disso, foi daquilo. Porque a gente, tem certeza que ele não tinha um motite faringite. Porque essa investigação a gente fez. Não era uma criança doente”, descreveu.
A coordenadora reforçou que, apesar de todo o esforço das equipes médicas e da família, o que ocorreu foi uma fatalidade. “Uma criança que não era doente, com calendário vacinal em dia, bem cuidada, alimentada, com ótima estrutura familiar, sabe? Então, assim, é realmente uma fatalidade”.


Infecção não ocorre por gotículas salivares
Magali Cavinato ressalta que a meningite causada por Streptococcus pyogenes não é transmitida pelas gotículas salivares como outras formas de meningite e, portanto, não há necessidade de profilaxia para a família ou escola. A infecção se aloja no sistema nervoso e sua forma de transmissão é menos clara, o que torna difícil identificar a origem exata da infecção.
“Ainda é uma doença rara e extremamente letal. Mesmo com diagnóstico precoce, a evolução rápida do quadro pode dificultar a intervenção eficaz. Não há vacina disponível para essa forma de meningite, e o tratamento de casos semelhantes pode não garantir a sobrevivência”, explica Cavinato.
O caso de Breno deixou a comunidade e os profissionais de saúde profundamente abalados. “É um golpe duro para todos nós que trabalhamos na área de saúde. Não há palavras para descrever a sensação de impotência diante de uma situação tão grave e inesperada”, afirma Cavinato.


64% dos casos resultam óbito
“A literatura que a gente achou escrito aponta que estes casos tem 64% de óbito e no caso de não óbito fica com sequelas neurológicas. É uma bactéria nova para a gente. Ela é mais circulante lá na Europa, no Reino Unido, nos Estados Unidos e ela é muito mais frequente”, disse Magali.

Entre os sintomas da bactéria Streptococcus pyogenes estão febre, dor de cabeça e rigidez de nuca. Muitas vezes há outros sintomas, como: mal-estar, náusea, vômito, fotofobia (aumento da sensibilidade à luz), status mental alterado (confusão).


Para tentar evitar situações similares, Magali aponta que é fundamental que os pais busquem atendimento médico imediato diante de sintomas graves e não hesitem em procurar ajuda médica especializada. Em casos de sintomas como dor de cabeça intensa, febre alta e outros sinais preocupantes, é crucial buscar o pronto atendimento mais próximo, seja em hospitais ou postos de saúde.


“Estamos ainda juntando os cacos para nos reerguer”, aponta diretor
A reportagem também entrou em contato com o diretor da Escola Dante Bertoluci, André Toledo, onde Breno estudava desde o primeiro ano. A comunidade do educandário está de luto após a trágica morte do menino. A dor pela perda do estudante é imensa e a escola está tomando medidas para oferecer suporte emocional a alunos e funcionários.
André falou sobre o impacto da perda de Breno, que estudava desde o primeiro ano na instituição para a comunidade escolar. “Estamos ainda juntando os cacos para nos reerguer. Está sendo muito difícil lidar com essa perda. Breno era um bom aluno, gentil e um ótimo amigo para os colegas”, relatou.
Para ajudar a comunidade escolar a lidar com o luto, a escola recebeu a visita de uma psicóloga na segunda-feira e uma terapeuta na terça-feira. Essas profissionais realizaram dinâmicas e ouviram os alunos, oferecendo apoio emocional e ajudando-os a entender a situação. Além disso, os alunos estão confeccionando cartas com mensagens de carinho e solidariedade para a família de Breno.
A presença dos profissionais de saúde mental tem sido fundamental para auxiliar na compreensão e aceitação do ocorrido. As dinâmicas promovidas buscam não apenas oferecer um espaço para o desabafo dos alunos, mas também para proporcionar uma forma de lidar com o luto e a dor.
O apoio psicológico, de acordo com o diretor, é um passo importante para a recuperação emocional dos estudantes e funcionários, pois permite que eles expressem seus sentimentos e recebam o suporte necessário para enfrentar essa perda dolorosa. As cartas confeccionadas pelos colegas de Breno são um gesto simbólico de apoio e carinho, demonstrando a união e a empatia da comunidade escolar neste momento difícil.

  • *Foto extraída da rede social da Escola Dante Bertoluci no Facebook.

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