Ataques de Onça-Parda preocupam no interior de Canela

CANELA – Repercute em diversos grupos de whatsapp mensagens com imagens de cavalos, ovelhas e patos mortos, e relatos de criadores afirmando que os bichos foram atacados por uma Onça-Parda (Puma). No sul do Brasil o animal também é conhecido por Leão Baio ou Suçuarana.

Em um dos áudios, Celso Prux, que tem propriedade na localidade de Tubiana, relatou que perdeu seis potrancos, um deles na semana. Em uma mensagem enviada para Paulo Rodrigues, o Paulão dos Cavalos, Prux destaca o prejuízo. “Estou com um problema sério aqui. Rapaz do céu, o Leão Baio matou o último potranco que eu tinha, perdi seis, não consigo mais criar nenhum potranco aqui na Tubiana, toda semana é um que vai. Um vizinho meu aqui perdeu três”, afirmou.

Além da Tubiana, há comentários de moradores já terem visto o felino em localidades como Banhado Grande, Linha Caçador, Tiririca, Floresta do Ibama e a região do Caracol. Paulão também confirma que avistou o Leão Baio em seu sítio, localizado no bairro São Luiz. “Os registros começaram a ficar mais frequentes em outubro. No meu sítio perdi um ganso (pato). Um morador de lá escutou a gritaria dos patos e correu pra ver o que era, quando chegou lá deu de cara com um Leão Baio, daí o bicho se assustou, largou o pato e correu pro mato em direção a Tiririca”, descreveu.

Paulão ponderou que existe uma mobilização que tem intenção de instalar uma gaiola (armadilha) com uma ovelha de isca para atrair e tentar capturar o Leão Baio. “Não podemos matar, temos que pegar vivo, então uma alternativa que existe é montar uma gaiola com uma ovelha de chamarisco”, observa.

PINHÃO – Um detalhe alertado por Paulão é com relação aos catadores de pinhão, que nesta época do ano entram na mata para juntar a semente ou derrubar as pinhas. “É preciso fazer um alerta para quem entra no mato para pegar pinhão, prestem bem atenção, especialmente no final da tarde e início da noite. Esse bicho é extremamente perigoso e faz tempo que está pegando animais em propriedades. É de apavorar, a pata desse bicho é maior que a minha mão, não dá pra brincar”, disse Paulão.

Batalhão ambiental está monitorando os casos

A reportagem conversou na quinta-feira (7) com o comandante do 2º Batalhão Ambiental da Brigada Militar de Canela, tenente Ritter. Ele relatou que houve um chamado há um tempo atrás na região do Caracol e que, quando a patrulha chegou ao local, o animal estava em estado de decomposição, não sendo possível identificar se de fato a causa foi ataque de um Leão Baio.

“Nós recebemos relatos, notícias e fotos de cavalos mortos. Afirmam que foram atacados por um Puma e vamos averiguar esses casos, levar um biólogo junto para fazer um laudo técnico e certificar que são ataques de Puma. O que temos certeza é da presença deste felino na região. O animal está no seu habitat natural, nossa fauna é muita rica, tem matas bem preservadas, o que acaba atraindo esses felinos para perto da cidade. O animal acaba saindo para caçar. Então é bem possível sim ele abater animais domésticos”, explica Ritter.

Com relação ao uso de gaiolas para capturar o animal, o tenente sabe que isso foi cogitado e confirma que aguarda orientação da Secretária Estadual do Meio Ambiente e da Divisão de Fauna do Estado sobre o procedimento ideal. “Estamos em contato com os órgãos para elaborar uma estratégia e uma linha de ação para conter tais ataques”, frisou. Sobre a preocupação de ataque a pessoas, Ritter comenta que não existe registro no sul do país de ataques de Pumas a seres humanos.

Patram encontra pegadas de dois tamanhos

Na manhã de sexta-feira (8), policiais militares do 2º Pelotão de Policiamento Militar Ambiental de Canela realizaram ação de identificação de local apropriado para instalação de dispositivos de captura de imagem. O procedimento teve respaldo dos técnicos de meio ambiente do Município e tem objetivo de observar os locais onde o animal foi avistado.

Com o aumento dos relatos sobre ataques de felinos a rebanhos no interior de Canela, a guarnição realizou averiguação em área rural, sendo verificado o abate de animal cavalo, com aproximadamente 1 ano. O proprietário do potro acompanhou os agentes e indicou o local. Ao verificar as redondezas, os profissionais puderam caracterizar o que se estima serem pegadas de felino Puma. Existem pegadas maiores e menores, o que pode indicar que o animal está acompanhado por filhote.

“São apenas expectativas, não há confirmação dos fatos, porém o trabalho foi feito e o policiamento militar ambiental e os agentes da Secretaria de Meio Ambiente de Canela estão a par dos locais dos possíveis abates de animais realizados possivelmente por um Puma. São eles, Tubiana, Banhado Grande e Linha Caçador e Linha Café em Três Coroas. Não há motivos para pânico, uma vez que estes animais já habitam esta região há muito tempo, são extremamente ariscos e percebem a presença humana facilmente. Somente após a captura das imagens, poderemos ter a certeza de se tratar do referido animal. Não há relatos conhecidos de ataque a pessoas. Segundo os Biólogos que acompanharam a operação, estimam que os ataques a rebanhos podem ser associados a caça predatória de animais nativos (Veado), que por sua vez é uma das principais fontes de alimentação do felino”, explicou o comandante da Patram.

Leão Baio é encontrado atropelado na ERS-235

Na manhã de sábado (9), os policiais Pelotão Ambiental encontraram um felino Suçuarana (Puma) atropelado às margens da ERS-235 em São Francisco de Paula. O felino de porte médio foi encontrado sem vida, vítima de atropelamento na rodovia.

O felino é encontrado em todas as américas, desde o Canadá ao extremo sul da América do Sul. Vive em torno de 15 anos e pode chegar a 100 quilos. É um animal solitário e prefere viver em locais de difícil acesso, como florestas e montanhas.

Texto: Fernando Gusen | [email protected]