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“A única coisa que nos impede somos nós mesmos”

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Tiago Manique

esporte@integração.jor.br

 

GRAMADO – Cria do vôlei local, iniciando aos seis anos de idade os primeiros saques e cortadas atuando pelo Toque OK, orientado pelo professor Otávio Krauspenhar e mais tarde integrando o projeto Nova Petrópolis Vôlei, Natan Krupp teve uma ascensão meteórica na modalidade. Atualmente com 17 anos, faz 18 em novembro, o garoto desde a adolescência teve que priorizar a sua carreira como atleta e deixar de conviver diariamente com os amigos e familiares.

Hoje ele defende as cores do Sesi (SP) integrando as categorias de base do clube paulista. A escolha para sua vida profissional foi o vôlei e pelas conquistas até o momento na sua carreira, apesar da distância da terra natal, foi certeira assim como as suas cortadas na quadra do adversário.

O atleta já integra a Seleção Brasileira e recentemente pelo Mundial Sub-21 ficou com a medalha de bronze, vencendo a Rússia por 3 sets a 0 (parciais 25/21, 27/25 e 25/12), competição realizada no Barhein, na região do Golfo Pérsico, na Ásia. Ano passado, aos 16 anos, com o sub-19 do Brasil, conquistou o Sul-Americano.

Atuando com a Seleção sub-19, pelo Desafio Internacional de Voleibol, em Santa Rita do Sapucaí (MG), no início deste mês que serve como preparação ao Mundial da Tunísia ficou com a medalha de prata ao ser superado pelo time adulto do São José Vôlei (SP) por 3 sets a 2 (25/17, 22/25, 25/21, 15/25 e 15/12).

A Seleção Brasileira sub-19 já havia vencido o time paulista na primeira fase do quadrangular, mas, em partida muito equilibrada e decidida nos detalhes, foi superada no tie-break. O Brasil também contou com quatro atletas na seleção do torneio, em eleição com treinadores das quatro equipes, entre eles, Nathan Kupp, que entrou neste seleto grupo.

Nathan está com o Brasil na Tunísia onde nesta semana estreia no Mundial que inicia amanhã (21) e segue até o dia 30. A Seleção Brasileira está no grupo A, ao lado de Tunísia (anfitriã), Bielorrúsia, Cuba e Taiwan. Na primeira fase todas as equipes se enfrentam e avançam os quatro melhores de cada chave para formar as oitavas de final, onde o começa o sistema eliminatório. O Brasil estreia quinta-feira (22) às 12h30 contra Cuba. Na sequência os jogos serão, sexta (23) Tunísia (15h30); sábado (24) Bielorússia (6h) e domingo (25) Taiwan (15h30) todas estas partidas horário de Brasília.

A reportagem do Jornal Integração conversou com o atleta através de mensagens por telefone. O guri criado nas quadras da Serra Gaúcha fez um relato da sua recente carreira. Lembrou da emoção em conquistar seu primeiro título ainda pela categoria mirim, do orgulho em vestir a camisa da Seleção Brasileira, do contato com ídolos, família e aconselhou as pessoas em lutar pelos seus sonhos e principalmente acreditar em si.

 

Jornal Integração – Pela pouca idade, não faz muito tempo que iniciou sua trajetória no vôlei. Conte um pouco desta tua trajetória em Gramado chegando também na modalidade em Nova Petrópolis.

 

Nathan Krupp – Comecei a jogar com seis anos no Toque Ok em Gramado junto do professor Otávio [Krauspenhar]. Treinei e joguei lá até meus 11 e 12 anos, quando fui a Nova Petrópolis. Lá fiquei até ano passado (16 para 17 anos), neste tempo tive como conquistas a Copa RS Mirim; Dois Estaduais Mirins série Prata; Estadual Infantil Série Ouro; terceiro lugar no Estadual Infantil Série Ouro; dois vice-campeonatos Estaduais Infanto Série Ouro; Estadual Infanto; dois vice-campeonatos do Mercosul na categoria infantil; dois vice-campeonatos do Mercosul Infanto; dois títulos da Série Prata do Mercosul sendo uma pelo infantil e outra pelo infanto. Além dos títulos pelo clube, fui campeão Sul-Americano pelas Seleções Brasileira sub-19 e 21, sendo eleito para seleção do Sul-Americano sub-19. Tudo isso ainda atuando por Nova Petrópolis. Este ano, me transferi para o Sesi (SP) e conquistei o terceiro lugar no Mundial Sub-21 e agora estou em preparação pelo Brasil, visando o Campeonato Mundial na Tunísia.

 

JI: Falando em Nova Petrópolis, o projeto segue e você é referência da modalidade. O quanto representa ser exemplo para crianças, adolescentes e adultos no voleibol?

 

Nathan: Sempre lembro quando era criança e queria ser atleta e chegar a uma Seleção Brasileira por exemplo. De como gostaria que fossem comigo, de coisas que faria continuar acreditando no meu sonho. Fico muito honrado quando ouço de alguém que sou exemplo para ela mesma, ou para seu filho (a).Tento ser não só o melhor atleta possível, mas também a melhor pessoa possível, para que seja realmente um bom exemplo a todos.

 

JI: Com a escolha que você fez na carreira, abriu mão de muitas coisas como o convívio com a família e amigos. O quanto o atleta precisa se preparar não somente na parte física e técnica, mas também nesta questão psicológica e de se manter focado, mesmo distante de pessoas tão próximas?

 

Nathan: A parte psicológica é fundamental. A vida de atleta já possui uma pressão constante interna e externa sempre buscando resultados e o aprimoramento. Ficar longe da família e amigos é complicado. Não há uma regra de como passar por isso, cada um tem sua maneira, mas sempre devemos tentar deixar isso fora das quatro linhas para continuarmos tendo o melhor rendimento. Sou muito grato a minha família por me apoiar nesse sonho, me deixa muito mais tranquilo e feliz de saber que posso contar com eles para tudo, porém nem sempre é assim para todos. Uma boa mentalidade é essencial para um atleta de alto nível. A vida social fica muitas vezes em segundo plano.

 

JI: Vestir a camisa verde e amarela, conquistando títulos pelo Brasil, o quanto significa para você? Vem algo na lembrança dos momentos em que iniciou na carreira?

 

Nathan: É a realização de um sonho, algo incrível. Estar entre os melhores, conhecer pessoas que antes eram meus ídolos como Giovane e Anderson (ambos na sub-21) é sensacional e fica ainda melhor quando você entra em quadra com a amarelinha brigando por cada ponto, cada bola. Ter ganho os Sul-Americanos ano passado e o terceiro lugar nesse Mundial Sub-21, me fez lembrar de quando eu ganhei meu primeiro jogo no pré-mirim ou o primeiro título no mirim, de como eu saía de quadra feliz e realizado comigo mesmo e com a equipe. Hoje saio de quadra da mesma forma, talvez um pouco mais eufórico, mas muito contente e realizado com o resultado, pois trabalhamos muito para isso e com certeza fomos merecedores de tudo que conquistamos e assim devemos seguir, trabalhando para ser merecedor de mais conquistas com essa camisa.

 

JI: Qual sua (s) referência (s) no esporte? Já estando inserido na base da Seleção Brasileira, tu acredita que esteja próximo de compor o elenco principal e quem sabe beliscar uma vaga para os Jogos Olímpicos, em Tóquio, ou ainda é prematuro pensar neste momento nas Olimpíadas?

 

Nathan: Gosto muito do estilo de jogo do ponteiro francês Ngapeth, com um jogo que considero mais ‘divertido’ de se ver. Sobre as Olimpíadas, bom, é outro sonho que gostaria muito de realizar, mas sabendo que é necessário muito trabalho e foco. Para Tóquio considero muito difícil, há muitos ponteiros que hoje são referências mundiais atuando na Seleção Brasileira, mas quem sabe em Paris 2024 esse sonho possa estar mais próximo de ocorrer.

 

JI: Não somente para os adeptos do vôlei, outros esportes e mesmo aqueles que não vão ser atletas profissionais, deixe uma mensagem para estas pessoas, de como chegar a este nível em que você se encontra.

 

Nathan: Diria para começarem acreditando, pois se nós realmente queremos algo, a única coisa que nos impede somos nós mesmos. Acredite em você mesmo: “Se ele conseguiu, por que eu não consigo também?”. Também esteja preparado para perder fim de semanas onde seus amigos estarão dormindo ou curtindo e você estará treinando ou descansando. Tem dias que vão te convidar para algo e você terá compromisso, seja treino ou competição, resumidamente, se prepare para ter uma vida social um tanto diferente da maioria. E por último, mas não menos importante, trabalhe sua cabeça para isso tudo e para as críticas internas e externas junto da pressão. É complicado, muitas vezes queríamos sair juntos com nossos amigos, e não podemos. Muitas vezes você ouvirá críticas que não são construtivas e essas você deve fingir que nem ouviu. Haverá pressão, mas saiba que está treinando e dando seu melhor, e em algum momento as coisas vão dar certo. Uma cabeça bem focada e equilibrada é  fundamental. Acredite que é possível, porque é!

 

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