Área de 540 m² deverá ser construída em, no máximo, seis a sete meses (Foto Reprodução, Divulgação)
Veranópolis, na Serra Gaúcha, será a terceira cidade brasileira e a primeira das regiões Sul e Sudeste do país a abrigar uma agência bancária construída a partir de contêineres e totalmente sustentável. As obras tiveram início na segunda quinzena de dezembro, com expectativa de término até o final do primeiro semestre de 2020. A iniciativa é da Sicredi Serrana, que tem sede em Carlos Barbosa, e 33 agências em 22 municípios da Serra Gaúcha e do Vale do Caí.
De acordo com o diretor-executivo Odair Dalagasperina, a agência de 540 m² será construída a partir de 20 contêineres, já dispostos no local da construção, com 95% de conteúdos recicláveis, e desmontável, com aproveitamento de até 85% do material numa eventual mudança de local. Em atividade, a agência terá economia de 60% no consumo de energia elétrica, além da captação de água da chuva para atividades básicas, como no uso em banheiros. Também serão montadas salas de coworking e de aprendizagem para uso público, além de um bicicletário para estimular o uso das bicicletas como transporte alternativo.
Consumo zero de água e baixa geração de resíduos
Dalagasperina projeta mais três agências para a região Uva e Vinho (Foto Viviane Somacal, Divulgação)
Responsável pelo projeto, o arquiteto chileno Igor San Martin garantiu que não haverá consumo algum de água tratada para a construção e a geração de resíduos não passará de 2% do total do material empregado. “Em uma obra convencional consome-se média de 500 litros de água por m² construído e os resíduos gerados variam de 17% a 30%”, comparou. Haverá uso de água somente para lavagem dos pneus dos caminhões que circularem no local e para serviços básicos. Mas sua origem será a captação de água da chuva, que ficará armazenada em depósito com capacidade para 40 mil litros. Também informou que as emissões de CO² se limitarão a 5%, enquanto obras convencionais emitem até 65%.
San Martin não especificou o valor total da obra, mas assegurou ser inferior ao CUB, indicador usado pela construção civil para definição dos preços de seus empreendimentos. “São vários os fatores que permitem uma obra mais barata, como construção mais rápida e utilização de menos mão de obra”, citou.
O projeto será inscrito para obtenção da certificação do Leadership in Energy and Environmental Design (LEED), selo mais importante no reconhecimento internacional da sustentabilidade. “O projeto é ambiental e economicamente viável, com retorno previsto para três anos, considerando somente a economia com o pagamento de água e de luz”, reforçou Odair Dalagasperina, que adiantou estudos para levar o mesmo conceito a novas agências. “Só dependemos da localização e dos parceiros”, assegurou. A cooperativa tem projetos de mais duas agências para Bento Gonçalves e uma para Flores da Cunha.
Autonomia em energia
Outra iniciativa de conteúdo sustentável é o investimento de R$ 5 milhões, no próximo ano, na construção de seis usinas com painéis fotovoltaicos para garantir autonomia energética às 33 agências e à sede. A expectativa do diretor-executivo Odair Dalagasperina é que a partir de julho de 2020 as usinas já estejam em operação.
O investimento está alinhado com a expansão do uso da energia solar em todo o Brasil. O diretor lembrou que, em 2019, de acordo com os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica, o número de projetos no Rio Grande do Sul crescerá em torno de 140%, chegando a perto de 12 mil unidades conectadas à rede. Deste total, 44% foram financiados pelo Sistema Sicredi e em torno de 400 na região de abrangência da Serrana. “Vamos ficar mais próximos do movimento de mudanças da matriz energética”, observou.