Coluna publicada no dia 20/06.
Quando se anuncia a chegada de um grande empreendimento em Canela ou Gramado, a cena costuma se repetir: discursos otimistas, cortes de fita simbólicos, holofotes da imprensa e promessas de geração de empregos que, em teoria, trarão progresso para a região. Os números são lançados ao ar — “serão geradas 100 vagas diretas!” — e a empolgação toma conta. Mas, passado o impacto inicial, é hora de olhar com mais cautela para o que realmente fica para a comunidade.
Geração de empregos
A promessa de geração de empregos, muitas vezes, não se cumpre como anunciado. Na prática, costuma-se ver um número bem menor de vagas efetivamente criadas. Em alguns casos, não chega nem a 60% do que foi prometido. Além disso, muitas dessas vagas são temporárias, com baixos salários ou condições de trabalho que não refletem o entusiasmo inicial.
E as contrapartidas?
Mas o ponto dessa discussão está nas contrapartidas— ou às vezes, na ausência delas. Os impactos de um empreendimento de grande porte em uma cidade como Canela ou Gramado são diversos: aumento na circulação de veículos, maior pressão sobre a infraestrutura urbana, crescimento da demanda por moradia, saúde e educação. E o que se recebe em troca? Um pequeno espaço verde revitalizado? Uma praça mantida? Um ponto de ônibus reformado?
Compensações de verdade
Essas compensações, em muitos casos, são paliativas. Não dialogam com o real impacto que o empreendimento traz. Uma comunidade que acolhe um projeto grandioso deveria, no mínimo, ter assegurada uma contrapartida igualmente significativa: investimentos em habitação popular, ampliação da rede de saúde, construção de escolas, melhoria da mobilidade urbana, reforço da infraestrutura básica. Medidas que efetivamente melhorem a vida dos moradores.
Poder Público e os empreendimentos
É preciso repensar de aplaudir toda novidade como se fosse uma dádiva. O desenvolvimento econômico é necessário, e empreendimentos podem, e devem, fazer parte disso. Mas não pode ser um processo passivo, onde o Poder Público apenas autoriza e celebra. A administração municipal precisa ser firme ao negociar com investidores. Precisa exigir, de forma transparente e estratégica, que os ganhos privados também se revertam em ganhos públicos. A comunidade também tem seu papel: cobrar, fiscalizar, participar dos debates, perguntar quais são as reais contrapartidas, como estão sendo aplicadas e quem está sendo beneficiado. Só assim deixaremos de ser meros espectadores do “progresso” para nos tornarmos protagonistas de um desenvolvimento mais justo, equilibrado e sustentável.
Informações sobre contrapartidas
Buscando este link acima citado quero citar aqui uma solicitação de informações sobre contrapartidas para implantação da terceira pista na entrada de Canela. O Pedido de Informações partiu do vereador Nene Abreu (MDB), ao secretário de Meio Ambiente, Carlos Frozi, referente aos Termos de Compromisso e contrapartidas firmadas entre o Município de Canela e empreendedores privados para a implantação da terceira pista de acesso à cidade, no que diz referência ao empreendimento de três empresas e suas devidas contrapartidas.

Quais os locais?
A solicitação abrange especificamente os trechos da avenida Don Luiz Guanella e ruas Danton Corrêa da Silva e Rodolfo Schlieper, em frente ao Parque do Palácio e na sequência da pista, que são locais que concentram crescente fluxo de veículos e onde já se observa a presença de empreendimentos em operação ou em fase final de execução.
De acordo com Nene Abreu, a iniciativa busca garantir a transparência dos atos públicos e colaborar para que obras consideradas fundamentais para que a mobilidade urbana avance com mais agilidade.
Mobilidade urbana
O vereador pontuou preocupação com os constantes problemas enfrentados pela comunidade de Canela no trânsito, especialmente nos horários de pico e nos acessos principais da cidade. Segundo ele, a mobilidade urbana tem se tornado um desafio cada vez maior, impactando diretamente a qualidade de vida da população e o desenvolvimento do município.
Frase do vereador
“O trânsito em Canela precisa de soluções urgentes. A entrada da cidade, por exemplo, já não comporta mais o volume de veículos, e isso afeta moradores, trabalhadores e turistas todos os dias”.
Mobilidade urbana? E a qualidade dos ônibus e desta empresa medíocre que presta serviço? Ninguém tem coragem. Pra mexer nisto? Quem será que está ganhando e o que será ? Com certeza não é o povo