GRAMADO – A Câmara de Vereadores foi palco de um emocionante e impactante pronunciamento feito por Alessandro Müller Silveira, na noite de segunda-feira, (25). Durante a sessão, ele ocupou a Tribuna do Povo para relatar denúncias de abuso físico e psicológico que, segundo ele, vêm ocorrendo em um educandário da rede municipal. Alessandro compartilhou detalhes pessoais e emocionantes sobre a experiência de sua família e lançou um apelo por ações mais rigorosas para proteger as crianças.
A Prefeitura, por meio de nota oficial, se pronunciou sobre e confirmou que os supostos casos ocorreram na Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Serra Encantada. A Prefeitura informou que os servidores supostamente envolvidos foram afastados.
O manifesto do pai
Alessandro começou seu discurso relembrando os hábitos carinhosos de seu filho de dois anos, que costumava levar pequenos presentes, como flores e folhas, para colegas e professores da escolinha. Ele relatou com emoção:
“Meu filho, na hora de ir para a escolinha, costumava colher florzinhas na grama, graveto (que chama de bicho-pau), folha da árvore (chama de bicho-folha), às vezes pegava um limão ou bergamota do pé… Ele sempre diz que é para algum coleguinha ou para uma determinada professora, ‘popis’, como ele costuma falar. Ao presentear, expressa naturalmente duas palavrinhas: ‘Amo tanto’.”
Contudo, esses gestos de carinho foram interrompidos nas últimas semanas devido aos acontecimentos alarmantes revelados na instituição. Alessandro afirmou:
“Fazem algumas semanas que meu pequeno não colhe mais florzinhas na grama, não procura mais bicho-pau nem bicho-folha para presentear na escolinha, os limões estão acumulando no pé. E tampouco fala ‘amo tanto’.”
Denúncias de abuso e negligência
A interrupção dessa rotina afetuosa chamou a atenção de Alessandro que tomou conhecimento, há cerca de uma semana, de denúncias graves envolvendo abusos físicos e psicológicos na escola. Em seu pronunciamento, ele descreveu a profundidade da crise:
“Tomei conhecimento há uma semana, e as denúncias que surgem são de uma gravidade ímpar. Crianças e funcionários têm sido vítimas de abusos físicos e psicológicos, e o que é mais alarmante é que essas atrocidades não são novidades. Elas vêm acontecendo há anos, e pouco ou nada foi feito para interromper esse ciclo de violência.”
Alessandro também destacou o silêncio de pais e funcionários que, por medo de represálias, evitavam se manifestar. Ele afirmou:
“Será que é necessário que pais e mães se exponham a tanto para que o mínimo seja feito? Por que aqueles que têm filhos como vítimas de agressão não se manifestam? A resposta é simples e dolorosa: medo de represálias e perseguições.”
Clamor por justiça e fiscalização
Diante da gravidade dos fatos, Alessandro exigiu, na Tribuna, ações concretas das autoridades municipais. “Exigimos da Câmara de Vereadores uma fiscalização mais ostensiva e rigorosa sobre o poder público. As denúncias são muitas e antigas, e a resposta tem sido insuficiente. Precisamos de olhos atentos e imparciais dos nossos representantes. Não podemos mais aceitar que absurdos como esses continuem a acontecer sem que medidas contundentes sejam tomadas. Estamos falando de crianças de zero a seis anos, as mais vulneráveis de nossa sociedade.”
Ele também reforçou a importância de punições exemplares. “Os culpados e criminosos devem ser punidos exemplarmente. Não podemos aceitar que sejam apenas afastados, trocados de cargo ou transferidos para outras escolas. As maçãs podres devem ser descartadas do cesto produtivo para que não contaminem o ambiente educacional.”
Reflexão
Alessandro concluiu sua fala com uma citação do educador Paulo Freire. “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas transformam o mundo.”
Ele enfatizou que a responsabilidade é de todos. “Senhoras e Senhores, não estamos pedindo favores. Estamos exigindo o cumprimento de direitos básicos. A omissão também é uma forma de violência, e não podemos mais ser cúmplices desse silêncio.”
Filho não está mais indo para escola
A reportagem do Jornal Integração conversou com Alessandro. Ele revelou que o filho, de dois anos, não está mais sendo levado para a escola. O pai aponta que enquanto não houver resolução sobre o caso não se sente seguro para tal. “Meu menino não está indo para a escolinha, porque enquanto as coisas não se resolverem, não me sinto seguro em deixar uma criança exposta”, indicou.
“Essa denúncia já ocorreu na segunda-feira (18) para a secretaria da Educação. Inclusive, foi feita por um professor que nos procurou. Estive presente com outros dois pais para fazer essa denúncia. (…) Mesmo com a denúncia sendo feita, é um absurdo como ela é feita somente agora se isso já acontece há anos? Está surgindo coisas de bem antes da denúncia. Então, como assim as pessoas estão coniventes? Omissão também é crime”, completou.
Reação dos pais
Alessandro relatou que o caso gerou mobilização entre os pais. Muitos, antes silenciados pelo medo, agora têm buscado apoio jurídico e encaminhado denúncias ao Ministério Público. Ele descreveu. “É importante também que seja dito. Tem uma coisa muito bacana que está acontecendo agora, que é o envolvimento de outros pais, porque até então os pais se sentiam com medo, amedrontados de se expressar de alguma forma. Eu contribuí com esse manifesto de ir até a Câmara e falar coisas que até então nenhum pai conseguiu fazer.”
A reportagem apurou ainda que muitas crianças chegavam em casa, após passarem o dia na escola, com supostas marcas de beliscões no corpo. O Integração busca confirmar essas informações.
A Polícia Civil não tem conhecimento do caso.
O que diz a Prefeitura
A Prefeitura de Gramado, por meio da Secretaria de Educação, divulgou nota oficial abordando as denúncias. O comunicado esclareceu as medidas já tomadas:
“Tendo em vista os fatos levantados por um cidadão na Tribuna do Povo da sessão da Câmara de Vereadores desta segunda-feira (25), relacionados a supostos episódios de violência, abuso e negligência, envolvendo alunos da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Serra Encantada, a Administração Municipal de Gramado, por meio da Secretaria da Educação, vem a público esclarecer que:
a) A denúncia foi protocolada no dia 18 de novembro e no dia seguinte, 19 de novembro, foi aberto processo administrativo para apuração dos fatos;
b) Os três servidores, supostamente envolvidos, foram imediatamente afastados das suas funções até que a denúncia seja investigada e esclarecida;
c) Na quinta-feira, 21 de novembro, a direção da escola e a Secretaria da Educação reuniram-se com os pais e responsáveis para oferecer todo apoio necessário e esclarecimentos;
d) Por fim, a Administração Municipal de Gramado repudia toda e qualquer forma de violência com crianças e estudantes da rede municipal, estando atenta aos fatos apresentados e empenhada para que o episódio seja elucidado o mais rápido possível.
Eu tenho 2 filhos que estuda na mesma escola porém se não fosse a escola com apoio não conseguiria descobrir ué um de nossos filhos e autista então não somos nem a favor ou contra a denúncia porém oque se sabe até o momento é que não pode se acusar sem provas porém nós como pais não vimos isso até agora estamos esperando aparecer e deixando bem claro não podemos dizer que toda a escola é assim se aconteceu realmente que seja feita a justiça caso contrário eu no meu ver como pai vamos ter que dar muitas desculpa.
Mais as profissionais que estão ali servindo todos os dia. Meu muito obrigado pois meus filhos adoram ir para a escola porém não podemos deixar que esta situação afete a educação dos nossos filhos neste local.
Bom dia se isso realmente estiver acontecendo eu admiro muito os pais que não denunciaram por medo ou para não serem espostos deixaram seus filhos sofrendo estes abusos e não fizeram nada?????